segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Geração dos Segredos…

Voltou a Casa dos Degredos. Se ficasse apenas por essa simples frase acho que já seria o suficiente para escandalizar uma pequena parte da população portuguesa. No entanto, a maior parte ficaria completamente histérica. O que é muito triste. É incrível como através dum programa televisivo podemos ficar com uma ideia do quão fútil é a sociedade portuguesa, o que explica em grande parte o estado a que o país chegou. Nada como fechar num zoo umas pobres criaturas vazias de pensamento, sem nada de útil para fazerem a não ser tentar descobrir uns hipotéticos segredos uns dos outros. Cuscar a vida alheia! Fizeram da principal actividade amadora dos portugueses (a actividade a que se dedicam para esquecer as horas de árduo trabalho) a actividade profissional daqueles tristes seres acéfalos. Quanto mais parvos forem mais populares se tornam. Se a esses parvos juntarmos a enorme quantidade de parvos que perde imenso tempo a ver esse programa, temos aqui muita matéria-prima que o país deveria aproveitar para exportar. Incentivamos os “cérebros” a emigrar e ficamos cá com estes personagens, dando-lhes imenso protagonismo. Atribuímos fama a alguém que apenas participou num programa onde não se faz nada. Bem, também estou a ser injusto. Alguns até fazem alguma coisa. Pelo menos já vi vídeos de alguns em rituais de acasalamento. Coisa muito normal dado o elevado número de criaturas com cio naquele recinto fechado. Somos um país hipócrita onde o lenocínio é crime mas que incentiva programas como este com cenas de sexo que passam de manhã à noite em canal aberto. Não podemos ter casas de prostituição abertas mas permitimos que paguem a uns jovens para “fazerem o amor” em frente às câmaras. Ao menos as prostitutas de bordel fazem-no às escondidas de câmaras de filmar, longe dos olhares de terceiros e poupando os seus familiares a cenas não muito prestigiantes. Incentivamos o degredo e a pouca vergonha, a mesquinhez e a falta de inteligência; elegemos como “famosos” pessoas que apenas vão à televisão dizer que levaram um tiro e que fazem sexo em frente às câmaras em directo para todo o país. Se durante esses actos sexuais a TVI colocasse uma legenda a dizer “Estão a ver isto? O Governo está a fazer-vos o mesmo neste momento!”, aí sim, estaria a prestar serviço público e talvez as pessoas se apercebessem do que verdadeiramente se passa no mundo real. Mas a fasquia para o programa está elevada. Na última edição tivemos pornografia em directo. Ou seja, cenas de sexo já não chegarão para os fãs mais exigentes. O que teremos agora? Tiroteio em directo? Um estripador dentro da casa? Cuidado! Dizem que o Estripador de Lisboa, o tal que assassinava prostitutas, ainda anda à solta. E com tantas dentro daquela casa, ele pode muito bem ter-se inscrito no programa.

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sexta-feira, 29 de junho de 2012

As três semanas…

Como prémio pelo excelente comportamento e como reconhecimento do mérito escolar pelos seus maus desempenhos nos exames, todos os alunos do 4º ano que se virem chumbados nos exames de final de ano terão obrigatoriamente mais três semanas de aulas. Uma espécie de segunda oportunidade para quem não se conseguiu safar. Portugal é um país caricato. Ao contrário do que parece acontecer no resto do mundo, em Portugal o ensino tende a ser cada vez mais facilitado. E o facilitismo começa, infelizmente, cada vez mais cedo, numa idade em que é fundamental os alunos saírem bem preparados, com conhecimentos assentes em bases seguras. Mas o que tem interessado é “forçar” a aprovação de todos os alunos, transmitindo-lhes uma mensagem de que não precisam de se esforçar para passar. Acabarão por ser “empurrados” para o ano superior, mesmo sem conhecimentos para tal aprovação. À boa maneira portuguesa, enveredamos pela lei do menor esforço e pela procura desenfreada de números que tentem demonstrar uma melhoria na qualidade de ensino quando se passa precisamente o oposto. Desta forma, não estará muito longe o dia em que não será preciso saber ler nem contar para se atingir o 5º ano. E depois vê-se. Os professores do 5º ano que tiverem o azar de ficar com turmas onde estejam incluídos esses alunos que se desenrasquem. E esses professores terão mesmo de se esforçar pois reprovar alunos é cada vez mais complicado e mais burocrático. Para se chumbar um preguiçoso ignorante é preciso mandar um requerimento à Troika a pedir permissão para tal, muito bem justificado dado que as notas dos exames já não servem de justificação para uma reprovação. É preciso mais imaginação. No fundo, estas três semanas extra para alunos que reprovaram são apenas um castigo para os professores mal comportados que, por obra de justiça divina, viram os seus alunos reprovarem nos exames. Tudo por culpa dos pecados dos professores que insistem em ensinar. São mais três semanas em que os professores terão de aguentar os alunos mais cromos. E tentar incutir-lhes em três semanas os conhecimentos que deveriam ter adquirido num ano lectivo. Sobrecarga para os alunos? Nada disso. Trata-se, isso sim, de uma grande e penosa cruz para os professores. É que se mesmo assim os alunos voltarem a reprovar. lá virão os pais dizer que os professores é que são culpados. E com alguma razão. Em vez de se dedicarem ao ensino, que optassem por outras áreas. Que tirassem outras licenciaturas. Da maneira como isto vai, muito brevemente deixaremos de ter professores e vamos ter apenas acompanhantes do ensino já que estão a perder o poder de avaliar.
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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Misticismos…

Afinal, o que se passa com Mubarak? Faleceu ou não faleceu? Que mania têm estes ditadores, que se acham extremamente importantes, de chegarem ao ponto de mistificarem a própria morte? Não podiam simplesmente falecer? Parece que não. Até a sua morte tem de ser o centro das atenções e do debate universal. Num momento Mubarak falece mas no momento seguinte o suposto cadáver afinal ainda estrebucha. Ainda para mais tratando-se de um ditador egípcio, a coisa fica ainda mais misteriosa, mais enigmática. No Egipto nada é simples. Até o natural acto de respirar revela todo um desígnio místico e divino. Por outro lado, é reconfortante ver que os ditadores não andam com a vida nada fácil. Uns falecem, outros são condenados, outros são perseguidos e assassinados. Longe vão os tempos em que ser ditador era ter uma profissão segura, de futuro, algo dignificante para um dia contar aos filhos e netos. Mas, actualmente, nem a licenciatura de Tirania concedida na Universidade Independente assegura um futuro tranquilo e risonho. A crise mundial já afecta os tiranos e não apenas aqueles que terminam a licenciatura ao domingo. Mas enquanto outros se instalam comodamente em Paris, outros ora falecem ora ganham vida. Mubarak ainda não deve ter a certeza de que terá as quarenta virgens à sua espera e estará a ultimar essas negociações para não ser apanhado de surpresa ao chegar ao Além. Sim, porque hoje em dia não se pode dar por garantidas as quarenta virgens celestiais. Mubarak pode ter o azar de, ao falecer, ver a sua alma ser transportada para uma espécie de Casa dos Segredos celestial, onde o esperam não as quarenta virgens mas as doze ordinárias. O que, em todo o caso, pode não ser necessariamente mau. Entre a pureza/inocência e a perversidade, os homens sempre optaram pela segunda. O Inferno sempre foi bem mais tentador. Mas a verdade é que ainda não se sabe qual o estado de saúde de Mubarak. Temos de interpretar os sinais que são visíveis e especular até encontrar um padrão que permita resolver todo esse enigma. Precisamos de criptólogos e egiptólogos. Mesmo debilitado, Mubarak presta homenagem aos seus antepassados e envolve em mistério o seu estado físico. Ao menos este não se lembrou de construir pirâmides.
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terça-feira, 12 de junho de 2012

No mundo da fantasia…

Francisco Louçã, esse popular narrador de contos e fábulas para adolescentes e adultos mais radicais, veio a público iniciar mais uma das suas fantásticas estórias. Segundo Louçã, António Borges é o Grilo Falante de Passos Coelho. Sim, desse senhor considerado por muitos o Primeiro Ministro de Portugal. Esta analogia de Louçã além de cómica é ainda, na opinião de alguns sábios, muito acertada. Se tivermos em conta o filme da Disney sobre esse personagem de nome Pinóquio, encontramos efectivamente muitas semelhanças com o panorama político em Portugal. Temos um Grilo Falante, aquele personagem irritante que teima em aparecer em certos momentos da estória para explicar algo, lançar o caos e acelerar o rumo dos acontecimentos. Precisamente o que faz António Borges. Contudo, acusar António Borges de ser o Grilo Falante implica uma imediata analogia entre Passos Coelho e o Pinóquio. E aqui está uma crítica implícita a todos os ex-Primeiros-Ministros que tivemos nos últimos tempos. A Pinóquio crescia o nariz sempre que mentia; sempre que os Primeiros-Ministros nos mentem, cresce a dívida pública. Coincidências? Talvez não. Temos um Gepeto, de nome Ângelo Correia, o seu criador, padrinho, o homem que sonhava em ter um filho com cara de pau. O enredo inicia-se com a entrada em cena da Fada Azul, que dá vida ao “projecto Pinóquio”. Papel que na vida real assenta muito bem em Fernando Ruas, cujo toque mágico “acende as luzes da ribalta”. João Honesto e Gideão, dois personagens que se aproximam interessadamente de Pinóquio com o intuito de o “vender”, poderão muito bem ser representações de Paulo Portas. As duas. Representações de alguém que tem uma atração irresistível pelo poder, sendo capaz de tudo para lá chegar. E, tal como na estória, por momentos consegue os seus intentos. A Miguel Relvas está reservada a personagem de nome Espuleta. O grande amigo de Pinóquio, mal-criado, que ri de todas as formas de autoridade, preferindo actividades menos honestas. Enquadramento quase real.  Cavaco Silva é o Cocheiro, o homem que seduz Pinóquio a partir para a Ilha dos Prazeres, também conhecido por Palácio de S. Bento. E, como todas as estórias que servem para transmitir um ensinamento, também aqui temos um monstro, a face visível do Mal. O Monstro que é a dívida pública, que suga tudo para o seu interior, destruindo quem lhe faz frente. A vida real não é um conto de fadas… mas que às vezes parece, lá isso parece.
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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Deslocados…

A ONU prevê num dos seus habituais relatórios que o número de deslocados continue a aumentar nos próximos dez anos. As previsões não têm por base o continente africado ou asiático. Baseiam-se, essencialmente, no continente europeu e, mais especificamente, no caso português. Acham os técnicos responsáveis pelo estudo elaborado que continuará a aumentar a emigração e a fuga clandestina para outros estados. E entende-se perfeitamente que tenham chegado a tal conclusão sem precisar de grandes dados. Da maneira como está a economia de Portugal, é mais que evidente que muitos portugueses queiram relembrar o tempo dos Descobrimentos. Em vez de Feiras Medievais, festejamos as grandes expedições marítimas. Portugueses que trocarão as suas vidas miseráveis no país onde nasceram e que procuram uma qualquer palhota com todas as condições necessárias à razoável sobrevivência humana num qualquer recanto perdido do continente africano, bem mais evoluído que o país do Fado. Não fosse já suficiente toda a envolvência económica do estado, ainda temos governantes que incentivam uma verdadeira “infestação” lusitana ao planeta Terra. “Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra”. Esta é a versão do Génesis, essa malta que fundou uma banda. A versão Passos Coelho é ligeiramente diferente: crescer, multiplicar, encher e espalhar pela terra… mas sempre fora de Portugal. Espalhem-se… para longe. No fundo, somos governados por mais um profeta. E no dia da criança será importante meditar sobre isso. Que as próximas gerações tenham mais sorte que a nossa. E por “mais sorte” entenda-se “que o Governo pague os bilhetes de avião quando nos mandam embora”. Já tinham colocado um português como Alto Comissário para os refugiados na ONU e deveríamos ter suspeitado de tal nomeação. Agora, as coisas vão fazendo sentido. Entre refugiados e deslocados, lá estaremos nós na linha da frente. Mais preocupante é que esta previsão tem como espaço temporal dez anos. O que quererá dizer que a crise se manterá até 2022. Até lá, não deveremos fazer grandes projetos de vida. Sobretudo, os que incluam estadias mais ou menos prolongadas no território nacional. Um dia, quando menos esperarmos, poderemos ser nós os próximos convidados a sair. Não percam a esperança. Os relatórios da ONU costumam ser acertados e rigorosos…
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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Invocações…

Falar de outras pessoas é algo perfeitamente normal no comportamento humano, sobretudo nos latinos. Falar mal de outras pessoas, então, é o pão nosso de cada dia. Mas estas coisas são inevitáveis. Por muito que alguém se esforce por não comentar certa e determinada pessoa, é quase garantido que mais tarde ou mais cedo o fará. E tal facto por vezes tem de ser entendido até como uma clara demonstração de inteligência e imaginação dada a quantidade exorbitante de elementos fictícios que se vão acrescentando à história. É um bom exercício para revitalizar o cérebro. E quando nessas histórias vemos colocado o cunho profissional da comunicação social temos algo bombástico. Mas, como refiro, tudo isto é uma questão natural e cultural. O alheio, a curiosidade e o mistério são elementos muito sedutores. E escrevi tudo isto apenas para justificar o interesse humano no que o rodeia. E é neste contexto que surge a notícia (escandalosa, por sinal) de que o nosso querido e estimado ex-Primeiro-Ministro e quase engenheiro Sócrates ameaça processar todos aqueles que invocarem o seu nome. Se for para criticar de forma muito negativa, claro está. E aqui nos é apresentada outra faceta de Sócrates que até agora desconhecia: o lado divino. À semelhança do que acontece com o Criador, Sócrates não admite que invoquem em vão o seu abençoado nome. Que é um ser inatingível já todos tínhamos reparado. Que possui uma sapiência e uma reputação intocáveis é que são elementos novos. Mas o ser humano está sempre a aprender. Essa é a beleza da vida. Contudo, e apesar de até ser agradável saber que o quase engenheiro continua a falar com tanta veemência, toda essa estratégia de intimidação não passará do mais puro bluff. Processar os difamadores é uma actividade engraçada, uma boa forma de ocupar o tempo e entreter os tribunais com questões menores mas este senhor deve querer tudo menos entrar em tribunais nos próximos anos. Por uma questão de superstição… Quanto mais longe do tribunal, melhor. Fica só a ameaça para amedrontar alguma alma mais distraída. Até porque processar alguém por invocar o nome em vão levanta outras questões mais profundas. Tendo por base um mandamento, teria de se invocar o direito canónico certamente. E para alguém com tantas mentiras no currículo, isso seria um procedimento muito perigoso. O que retiro desta história é apenas o seguinte: dizem que Sócrates teve muita dificuldade em Inglês Técnico, que o projecto final não era seu e agora ainda se diverte a plagiar mandamentos. Um caminho arriscado.

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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Mais inchado…

Segundo uma notícia publicada hoje no Jornal de Notícias, Portugal cresceu 122 klm nos últimos quatro anos. Neste preciso momento em que carrego nas teclas do computador, a área total do nosso país cifra-se em 92 212 klm2, distribuídos da seguinte forma: Continente – 89 088,92 klm2; Açores – 2 321,96 klm2; e Madeira – 801,12 klm2. Facto que é extremamente curioso. Em tempo de crise, segundo a lógica da batata, tudo deveria diminuir. O próprio território nacional deveria estar envergonhado com tudo o que se passa por cá e deveria encolher-se para se tentar esconder do poder paterno-disciplinar da Troika. Mas, em vez disso, ele expande-se, aumentando a fonte de despesa e chamando a atenção do mundo para este canto à beira-mar situado.O que até causa um grande transtorno aos nossos governantes. Queremos tanto passar despercebidos aos olhares curiosos e incisivos dos nossos credores e o raio do país teima em querer aparecer um pouco maior no mapa-mundo. Faz lembrar os bons e velhos filmes de comédia em que alguém se tenta esconder atrás de uma cortina mas esquecendo-se que os seus pés estão mais do que visíveis. Parece-me que a própria superfície do país está a congeminar um diabólico plano de perseguição aos portugueses. É bem verdade que sempre que tentamos esconder algo, essa coisa inevitavelmente nos acaba por perseguir e atormentar o nosso dia-a-dia, os nossos pensamentos. A superfície do país deveria estar reduzida a 75%. Não nos podemos esquecer do buraco que se formou na Madeira nos últimos anos. Porém, o raio do país aumentou! Com um buraco sempre a aumentar, seria de pensar que a área do país diminuísse. Engano nosso. Ao contrário da maior parte dos buracos negros que por aí existe e que suga tudo à volta para o seu interior e fazendo tudo desaparecer, o buraco da Madeira é tão profundo que tem o efeito contrário: traz toda a matéria oculta do seu interior cá para fora, à boa maneira vulcânica, o que origina terras férteis e cultiváveis já que os terrenos com mais “porcaria” são mais ricos e propensos à agricultura. Para a agricultura e para a criação de gado. Basta ver que mal sai uma notícia fora do país dizendo que Portugal ganhou alguma coisa, aparece logo uma quantidade exorbitante de “ruminantes financeiros nómadas” por aí. Sejamos positivos: neste momento estamos entalados entre a Espanha e o Atlântico. Pode ser que daqui por uns anos já estejamos ligados aos Estados Unidos ou ao Brasil.

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domingo, 13 de maio de 2012

Indignações à Rasca…

E num belo dia de Maio do ano da graça do senhor de 2012, voltam os indignados a ocupar as Portas do Sol em Madrid. E notícias como esta também me deixam indignado com a dualidade de tratamentos tão abissal entre dois países praticamente “hermanos” e de cultura muito semelhante. Senão vejamos: em Espanha, um grupo de jovens que se junte numa manifestação pública contra as políticas do seu país, contra a situação sócio-económica a que chegaram e contra as dificuldades em arranjar emprego, é apelidado como “Indignados”. Um nome muito sugestivo, que inspira a revolta, a luta, a credibilidade no movimento. Em Portugal, um grupo de jovens que se junte numa manifestação pública contra as políticas do seu país, contra a situação sócio-económica a que chegaram e contra as dificuldades em arranjar emprego, é apelidado de Geração à Rasca ou Geração dos Recibos Verdes. Só a denominação do movimento implica um fracasso à nascença. E fico indignado por chamarem “Indignados” ao movimento espanhol e “À Rasca” ao nosso. Será que os espanhóis se indignam mais que os portugueses? Prece que basta saltar a fronteira entre os dois países para que tudo se altere. Nós, que aqui somos tratados como coitadinhos, mal colocamos o pé em Espanha ganhamos super poderes e começamos a ser apelidados por “El Indignado!”. Mas se voltarmos a casa porque nos esquecemos de dar de comer ao peixinho dourado, já voltamos a ser uns desgraçados à rasca. Nós é que deveríamos ser apelidados de indignados, de revoltados, porque toda a gente sabe que é bem mais fácil estar indignado em Espanha. Eles têm subsídios de desemprego com valores mais elevados, tem largadas de touros nas ruas, tem os locais mais apetecíveis para as viagens de finalistas, tem o Mourinho, o Cristiano Ronaldo, o Barcelona, a Irina e, mais importante de tudo, têm um rei enquanto que nós apenas temos um duque. Aqui é bem mais complicado. Mostrarmos a indignação é praticamente impossível quando se tem de estar preso horas e horas nos centros de emprego, nas repartições da segurança social, das finanças… Desta forma, claro que teremos de andar à rasca. De dinheiro e, sobretudo, de tempo. Mas como lá diz o povo, “tempo é dinheiro”. Por isso, é tudo a mesma coisa.

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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Os dissidentes…

A China acaba de abrir a porta de saída a um dissidente para que este possa estudar fora do país. O governo chinês, muito conhecido pelo excelente tratamento com que brinda os seus opositores, resolve mostrar ao mundo mais uma prova da sua boa vontade, inscrevendo o famoso e quiçá único dissidente numa espécie de programa Erasmus. E o que levará a China a permitir a saída desse “fulano” para o estrangeiro, quando poderia perfeitamente terminar uma licenciatura na China? Sim, porque na China também existem universidades e não apenas lojas de conveniência e restaurantes. Bom, é que para acabar o curso, o dissidente precisaria com certeza de fazer a cadeira de Direitos Fundamentais, que é cadeira não lecionada no país da Grande Muralha. Mas esta boa vontade demonstrada pelo governo chinês não é nada de muito especial. Em Portugal também o fazemos e com muito mais requinte. Tivemos um “dissidente” que governou o país durante anos a fio, que trouxe a bancarrota consigo e no final ainda permitimos que ele tenha viajado tranquilamente para Paris para estudar. Poderá finalmente o “quase engenheiro” Sócrates terminar uma licenciatura sem ser ao fim de semana. E nestas demonstrações de afecto e respeito pelo ser humano, nós portugueses somos bem mais incisivos que a República Popular da China. Uma questão de cavalheirismo. Temos quem nos desgrace o país e como castigo permitimos que o bandido se exile em França a estudar, para que um dia consiga perceber em que estado deixou a nação. Somos uns fofos. Mas o caso do engenheiro não é pioneiro. Já antes deixamos sair um tal de Vale e Azevedo para Londres, onde tem passado os anos a estudar a “arte de bem enganar e ridicularizar os portugueses”. No caso deste senhor, já estamos na presença de um mestrado após várias pós-graduações. E a este também já ninguém o agarra. Fica a pergunta: Podemos responsabilizar as famílias destes senhores pelas consecutivas faltas que eles tiveram com a nação? À boa maneira do ensino obrigatório. A China pode ser uma das maiores potências económicas do mundo actual mas no que diz respeito ao nível de desenvolvimento da falta de vergonha, Portugal está muito mais evoluído graças à prática registada ao longo dos séculos. Basta ver que enquanto a China se divertia a construir muralhas e a fechar o país, nós preferimos partir para a Reconquista e depois para os Descobrimentos, de forma a deixarmos fugir mais uns bandidos. Já é uma questão cultural, de identidade. Dizem que somos hospitaleiros mas a maior prova de hospitalidade é a dos chineses: recebem as pessoas e fazem de tudo para que não possam fugir. Literalmente.

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domingo, 22 de abril de 2012

As dez horas…

E em plena ressaca pascal e com toda a parafernália de confusões em que o país se vai colocando, eis que o Vaticano resolve meter a sua colherada nas políticas do país. Segundo alguns responsáveis do Estado mais rico do mundo, a retirada dos feriados religiosos em Portugal não é consensual. Os “fartos” chegam até a acrescentar que existem fortes reservas por parte do Vaticano em relação a essa matéria. E isto é algo que nos deveria deixar preocupados a todos. Em primeiro lugar, porque nos andam a tirar feriados. Ainda para mais, feriados religiosos. Se isto continuam assim, ainda corremos o risco de nos tornarmos um estado laico! Deus nos livre! E em segundo lugar, e talvez o facto mais preocupante, parece que o Vaticano se quer meter nas questões do poder de decisão no nosso rectângulo. Não tenhamos dúvidas de uma coisa: se não forem os chineses a comprar este território, será certamente o Vaticano a irromper por aqui dentro e a transformar o nosso cantinho numa verdadeira paróquia. Vá lá, como já somos minimamente desenvolvidos, vou tratar o país por diocese. Mais “in”. Entre a China e o Vaticano que venha o diabo e escolha. Ficaríamos sempre a ser geridos por mentalidades da Idade Média. Porém, o Vaticano tem mais provas dadas no que concerne ao desenvolvimento e sustentabilidade económica. Acabarão por ganhar a corrida às lojas de conveniência chinesas. E aí estaremos mais desgraçados. Além de todos os impostos que já pagamos ao “bicho papão”, ainda voltaremos à velha e saudosa tradição do pagamento da dízima. Aprenderemos as velhas máximas católicas à força. Ai estão fartos de ser violentados com impostos? Então aprenderão a dar a outra face pagando a dízima a quem de direito. E em honra dos mandamentos sagrados, para que sejam memorizados e respeitados pelos portugueses que praticam a “heresia económica”, passaremos a trabalhar obrigatoriamente dez horas por dia: a primeira hora, servirá para aprendermos a amar o trabalho sobre todas as coisas; a segunda hora, para não invocarmos em vão o santo e glorioso nome do patrão; a terceira hora, para que guardemos apenas um dia de descanso semanal; a quarta hora, para nos lembrarmos de honrar o patrão e o Estado; a quinta hora, para não matarmos a vontade de trabalhar com o ócio; a sexta hora, para nos lembrarmos de guardar castidade nas palavras e obras durante o expediente; a sétima hora, para nos mentalizarmos de que não deveremos nunca roubar as Finanças e a Segurança Social; a oitava hora, para não levantarmos falsos testemunhos sobre os colegas de trabalho; a nona hora, para guardarmos castidade nos pensamentos e desejos, sendo humildes nos pedidos ao patrão; e a décima hora, para nos lembrarmos de nunca cobiçar a esposa do patrão. E talvez assim o país saia da crise.

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domingo, 15 de abril de 2012

Dissimulações…

Diz a comunidade científica que foi descoberta uma nova espécie de lagarto. Esta nova espécie, apanhada em flagrante actividade na ilha da Madeira, foi denominada com o belo nome científico de “lagartus hipocritus”. Segundo os especialistas da área, este novo tipo de lagarto prima pelas dissimulações. Circula pelo meio ambiente procurando manter uma aparência de superioridade moral e uma reputação intocável no mundo animal. Contudo, até nos lagartos as aparências iludem. Este tipo de bicho, além de ser extremamente controlador com as suas próprias crias (sendo por tal facto conhecido como o Big Brother dos seres rastejantes), tem outra característica muito peculiar: arma ciladas às presas bem no centro do território dos seus predadores, mostrando uma confiança inabalável nas suas capacidades ou apenas uma pura estupidez e inconsciência dos perigos que corre. No entanto, estas armadilhas não servem para o “lagartus hipocritus” se alimentar. O bicho arma ciladas com o único intuito de arrasar a presa, deixando-a a agoniar e a definhar durante muito tempo, não tirando qualquer benefício directo com tal situação. Sadismo ou parvoíce? Os cientistas ainda estão à procura da resposta para esse grande mistério do reino animal. Uma coisa é certa: por muito menos se extinguiram os dinossauros. Esta descoberta da nova espécie de lagartos levará a uma intensiva procura desses bichos por parte dos caçadores furtivos da justiça. A verdade é uma: pese embora toda esta trapalhada do caso que envolve o Sporting e Paulo Pereira Cristóvão, acho que nunca atribuíram uma designação tão adequada a um caso como nesta situação. “Caso Cardinal”. Melhor era impossível. Nada mais perfeito do que designar toda esta confusão por “caso Cardinal” porque, em boa verdade, tudo isto é um circo. Com uma qualidade algo inferior à do verdadeiro Circo Cardinali mas as imitações têm desses problemas: o original é sempre melhor. Paulo Pereira Cristóvão não esteve muito atento nas “formações” dadas pela casa-mãe do Norte sobre como pressionar aquela malta que está no terreno de jogo com o poder de decisão. O dinheiro estava lá mas faltava o essencial a uma alimentação saudável: a “fruta”. Dinheiro já eles ganham bastante a apitar. Agora, uma peça de fruta depois dos jogos é algo que cai sempre bem e toda a gente gosta.

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quarta-feira, 11 de abril de 2012

E foi uma festa...

A ex-ministra da Educação diz que a renovação do Parque Escolar foi uma festa. E, por um lado, até entendo a senhora. Todos nós já dissemos a um amigo que tenha bastante dinheiro em mãos que o ajudaremos a gastar o seu dinheiro caso precise de ajuda. E a gastá-lo num abrir e fechar de olhos. Estourar o nosso próprio dinheiro não é mau de todo mas acabamos sempre por nos arrepender de algo. Já estourar o dinheiro alheio por pura diversão é um mimo dos deuses, embora o prazer se consuma instantaneamente. Essa deve ser a razão que leva a ex-ministra a falar de uma forma tão leve de um assunto tão sério. Gastar uns míseros três mil euros para tirar uns quadros de ardósia de uma escola pública. Provavelmente, os quadros devem ter sido arrancados à dentada. E por uma placa de dentes de ouro. E a leviandade com que o tema foi abordado na comissão parlamentar é a mesma com que falaríamos depois de termos gasto todo o dinheiro de alguém. Com autorização, claro. Pena é que a ex-ministra tenha andado a gastar dinheiro de um país em crise com uma quantidade exorbitante de luxos inexplicáveis para uma escola pública. Enquanto algumas escolas no interior são forçadas a fechar porque nem vidros nas janelas têm, outras escolas públicas dão-se ao luxo de ter candeeiros desenhados por Siza Vieira. Mas como diz a ex-ministra, toda esta renovação do Parque Escolar foi uma festa. Acho que festa foi o que o pessoal do então Ministério da Educação fez com os milhões de euros desnecessariamente gastos . Poderiam limitar-se a chamar a malta do "Querido, mudei a escola" e a coisa ficava bem mais barata. Entre IKEA ou Siza Vieira, que venha o IKEA. Se o dinheiro lhe tivesse saído dos bolsos, a ex-ministra ponderaria muito bem as extravagâncias. No entanto, como somos uma nação rica e próspera, sem quaisquer tipo de dívidas a instituições internacionais, podemos sempre arriscar e deixar o nosso dinheiro na mão de "artistas". Mas como diz a ex-ministra, e volto a repetir, toda esta renovação do Parque Escolar foi uma festa. Só é pena que esta festa não tenha tido o mesmo final daquelas grandes festas estudantis em que aparecem sempre os agentes da autoridade para deterem os organizadores, os mais animados e exaltados. Nas nossas festas públicas, onde se cometem as maiores loucuras, falta sempre esse final para a apoteose.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Os benefícios...

E em pleno período de via sacra económica em Portugal, eis que Bruxelas resolve acrescentar mais uma estação a todo este ritual de sofrimento: querem acabar de vez com os subsídios de férias e de natal. Já se percebeu que tirar rendimentos aos portugueses é como tirar doces a uma criança: além de serem fáceis de enganar, podem chorar baba e ranho até incomodarem os vizinhos mas sabemos que as suas birras nunca obterão o resultado que pretendem. Seria muito mais simpático distribuir o dinheiro desses dois subsídios pelos doze meses do ano, o que já facilitava a vida a quem tem de os pagar. Mas ser simpático na Quaresma é como ser dono de uma loja de salamandras na Arábia Saudita: é algo que não faz grande sentido. É bem mais fácil extinguir os subsídios de vez. E se acham que as coisas não podem piorar, desenganem-se. Segundo algumas fontes anónimas da Comissão Europeia, Bruxelas pretende avançar com a extinção de folares e prendas de aniversário para os portugueses. Irão salvar-se as prendas do dia dos namorados porque a esposa do Durão Barroso as acha "fofinhas". Será escusado esperarmos ansiosamente pelo dia de aniversário na esperança de sermos presenteados com magníficas ofertas ou esperar pelo dia de Páscoa para cumprimentarmos os padrinhos da forma mais simpática que o fazemos durante o ano civil. Em breve, tudo isso passará a ser uma bela recordação do passado. Não faltarão inspectores de Finanças a escrutinar tudo o que é festa de aniversário para apreender alguma eventual manifestação de carinho, afecto e atenção de forma material para com o aniversariante. Daremos início a uma nova era: a era do tráfico de prendas de aniversário. Toda uma economia paralela em ascensão de lembranças e recordações. O passo seguinte da Comissão Europeia será acabar com as "luvas" e comissões em negócios ilícitos. Mas um passo de cada vez. Primeiro, o fundamental.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Neo-descobrimentos...

Primeiro chegou a crise. Com a crise, chegaram os discursos e incentivos a viagens de longa estadia aos jovens recém-licenciados. E agora surge Bruxelas a dar mais um empurrão aos jovens para fora deste país. A partir de hoje, as chamadas em serviço roaming acabam por ficar mais baratas. A Comissão Europeia seduz os jovens com chamadas mais baratas para o país de origem. No fundo, mais não fazem do que dizer aos portugueses que podem ir embora porque poderão ligar à vontade para falar com a mãezinha e o paizinho. E aqui se inicia uma nova etapa de Descobrimentos para Portugal. Cinco séculos depois, os portugueses voltarão a ser lançados ao mundo depois do apelo do "grande chefe". Já não é um rei a ordenar-nos que partamos em busca da glória e de novos mundos para Portugal. Actualmente, as ordens de partida não servem propósitos tão nobres e são proferidas por pessoas que deixaram de ter sangue azul e passaram a interessar-se por sacos azuis que são, no fundo, os objectos de maior poder da actualidade. A procura da glória para a nação foi substituída por um simples "Não estão bem aqui, ponham-se a andar!". Podem dizer de tudo sobre os portugueses, que somos preguiçosos, que não gostamos de trabalhar e pagar impostos, mas não podem dizer que somos mimados. Em vez de sairmos do país em naus luxuosas e incentivados pelas multidões que acenavam à partida, somos corridos com um verdadeiro pontapé na parte do corpo sobre a qual nos sentamos. Não é tão digno mas, muito provavelmente, viajaremos mais depressa. Em 1500, os portugueses corriam o mundo e traziam escravos para trabalhar. Hoje, os portugueses correm o mundo para se fazerem escravos de outros. Não há canto da sereia que nos seduza a viajar para encontrá-las; em sua vez, temos o embalo de Vítor Gaspar, cuja melodia suave e serena nos embala nos seus ideais mais obscuros.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Geneticamente modificados…

Um estudo revela que mais de metade dos portugueses tem falta de sono. O que se compreende facilmente. Diz-se que “em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”. Ora, conseguir adormecer numa casa onde todos discutem é tarefa hercúlea. Tentar descansar num país onde toda a gente se lamenta é bem mais complicado do que realmente parece. Para agravar toda esta problemática conjuntura nacional sobre o sono, ainda nos deparamos com uma seca tremenda. Não chove nem pinga. Absolutamente nada. E o português é um povo que aprecia adormecer a ouvir a chuva cair. Mal caiem os primeiros pingos, grande parte da população portuguesa refastela-se comodamente no seu leito, aguardando ser vencido pelo Vitinho que o derruba em apenas um golpe. Sem precipitação é mais difícil. Ser português é uma bênção amaldiçoada. Dificultam-nos a vida e complicam-nos o sono. Lusitanos em estado normal já tiram um santo do sério; com insónias, nem uma chupeta os cala. Nem tudo é mau, no entanto. Ficamos a saber que, apesar de todas as contrariedades e vicissitudes da sociedade portuguesa, ainda há uma grande percentagem de pessoas a quem as insónias não lhe assistem. Não se pense que essas pessoas não sentem os efeitos da crise, que se tornam insensíveis ao sofrimento alheio. Nada disso. Bem pelo contrário. Muitas vezes até são essas pessoas que sofrem mais directamente com os ataques da Troika mas a tranquilidade do sono já lhes é algo intrínseco e inevitável depois de anos e anos a aprimorarem geneticamente esta especificidade. Os seus genes já estão mais do que preparados para deixar a pessoa num estado sonolento quando se encontram em determinados locais, nomeadamente os locais de trabalho. Reunida toda essa panóplia de factos conjunturais, os genes levam a pessoa a hibernar, um descanso sossegado e quase que tranquilo. Essa percentagem de pessoas de que falo, geneticamente modificados e preparados para descansar até nos ambientes mais inflamados, é a percentagem de funcionários públicos deste país. Eles até se querem revoltar mas o seu estado meloso não propicia as manifestações.

insónia

terça-feira, 27 de março de 2012

A ironia dos “finalistas”…

As viagens de finalistas costumam ser os momentos mais esperados por todos os estudantes. São anos à espera daquela maravilhosa semana em que nos afastamos de casa e nos sentimos pela primeira vez uns semi-adultos. Contudo, os acidentes ocorridos nos últimos anos com a juventude que decide viajar para Espanha deixa-me a pensar sobre o verdadeiro propósito das viagens e sobre a evolução do conceito de divertimento. Mais um jovem português que resolve mandar-se de uma varanda abaixo. Já se sabe que de Espanha não vêm bons ventos nem bons casamentos. Era já um aviso deixado à juventude deste país. Mas, mesmo assim, insistem. De Espanha não vêm casamentos; infelizmente, pelo contrário e cada vez de forma mais acentuada, surgem funerais. E tudo isso porque a canalhada de hoje em dia que só vê “Morangos com açúcar” não sabe como se divertir. Pior que isso: não aguentam a pedalada do álcool e das drogas. Na minha viagem de finalistas também houve malta a beber e a fumar droga. Porém, preferiam não saltar das varandas. Esta juventude tem uma formação a língua portuguesa tão má que não conseguem perceber que quando o anúncio diz que “a Red Bull dá-te asas!” estão a falar apenas em sentido figurado. E lançar-se da varanda não é uma boa forma de comprovar a veracidade desse slogan. Se bem que eles até acabam por ganhar asas… pois dizem que os anjos têm asas… Que se embebedem, acho muito bem; que queiram fumar droga, é lá com eles. Mas que não se armem em Super-homens se não conseguem aguentar essas substâncias. É a idade da parvalheira. Ainda sou do tempo em que aproveitávamos esses momentos de farra e deboche com álcool para brincadeiras menos honestas e católicas, o famoso “Verdade ou Consequência”. As meninas estavam mais soltas, longe da repressão dos pais e ansiosas por soltar a franga. E nós, rapazes, não íamos para a varanda. Actualmente, elas continuam soltas, apesar de se soltarem mais cedo; continuam a querer farras; a diferença é que os “panões” dos rapazes estão habituados já a tantas facilidades que não dão valor e decidem ir para a varanda arejar. E depois, pimba! Estragam a vida dos familiares e a viagem aos amigos. Vão ter de colocar gaiolas nas varandas espanholas. À boa maneira chinesa.

red bull

sexta-feira, 16 de março de 2012

Marketing…

Dar o nome a uma marca de vinhos é uma tarefa bem mais complicada do que possa parecer à primeira vista. É certo que o hábito não faz o monge mas um monge que pareça um maltrapilho nunca será levado a sério. E nessa terra historicamente ligada a gente boa de nome Santa Comba Dão resolveram atribuir o nome de “Memórias de Salazar” a uma marca de vinhos. Uma homenagem a esse grande alcoólico mas pessoa sensível e preocupada com o bem-estar alheio. Salazar, o Altruísta! Acho que ficava melhor. Mas dar o nome de Salazar não é uma ideia de todo descabida, já que estamos a falar do maior português de todos os tempos. E nós portugueses temos um sentido de humor bastante peculiar. E se os outros países seguissem o nosso exemplo? Já estou a imaginar os alemães a darem o nome de Hitler a uma marca de cinzeiros. Ou então, de uma forma bem mais “original”, darem o nome desse senhor de bigode a uma marca de bilhas de gás. “O gás de Hitler”… Muito apelativo. Ou, porque não, atribuir o nome de Hitler a um novo modelo de chuveiros. Os italianos a darem o nome de Mussolini a uma marca de camisas pretas, muito bonitas e elegantes. Não consigo imaginar os espanhóis a dar o nome Franco a uma editora de livros infantis mas já consigo vislumbrar os russos a chamarem Estaline a uma empresa de espelhos. Esses países sentem uma tímida vergonha dos seus fascistas mas em Portugal não há cá dessas frescuras. Sentimos orgulho pelo nosso fofinho fascista, que Deus o guarde e não o obrigue a sentar-se ao Seu pé já que não se dá muito bem com cadeiras. E aprecio ver o autarca de Santa Comba Dão dizer que Salazar já faleceu em 1970 e que é altura de os portugueses ultrapassarem esses fantasmas e esses traumas, e que o nome Salazar é bastante apelativo. Engraçado. Isso significa que ao fim de alguns anos a reputação dos fascistas passa a ficar incólume? Muito bem. Já passaram 42 anos e já o devemos perdoar. Tão bonzinho. Toca a dar o nome de Salazar a uma agência de viagens para o Tarrafal então. E convidar determinados portugueses para a estrearem…

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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

É proibido mas vamos lá fazer…

Criar uma safehouse! Tanta coisa boa que poderia ocupar a menta das Irmãs Oblatas e esta é a única que fica associada à irmandade religiosa. Criar uma casa de apoio e suporte às prostitutas. Dizem que não é apoio à prostituição; serve apenas de apoio a meretrizes mas não me parece muito fácil distinguir onde é que termina o apoio a “mulheres de má vida” e onde começa o incentivo à prostituição. Abrindo-se esse precedente, não faltarão advogados a invocar que os seus clientes, quando acusados da prática de lenocínio, estariam apenas a gerir uma safehouse. E a presença de alguns homens dentro da casa deve-se apenas a um dos maiores defeitos do ser humano: a curiosidade. Toda a gente tem noção de que o Homem é um ser que se interessa pelo meio envolvente, por aquilo que desconhece e que inevitavelmente o seduz. Ora, uma safehouse é algo inovador em Portugal. E, como tal, será absolutamente natural que alguns homens pretendam resolver o mistério desse local que abriga mulheres de reputação já de si muito duvidosa e cujo canto da sereia provoca a mais completa ilusão e fascínio na cabeça masculina. Veremos se aprovam a criação deste tipo de casas. A sua aprovação só realçaria o carácter hipócrita de nós, portugueses. Estaríamos a apoiar algo que por lei proibimos. Algo que no quotidiano entendemos quase como normal, mesmo entre conversas com pessoas de grande responsabilidade social. Sabemos que o problema existe mas teimamos em não legalizar a actividade que poderia contribuir também para o Estado ganhar uns trocos. Mas sendo algo proibido é bem mais apetecível. Aí está uma boa oportunidade de se eliminar algumas incongruências. Mas na Tugalândia adoramos é complicar o que é simples. Está nos nossos genes o “complicómetro” e já desde os Descobrimentos. Enquanto alguns iam à Índia por terra, nós lá tivemos de descobrir um caminho marítimo onde dávamos praticamente meia volta ao mundo. Se é simples, não nos interessa.

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domingo, 26 de fevereiro de 2012

S.N.S. (Serviço Nacional de…sexo)

Algo de estranho se passa no sector da Saúde em Portugal. O nível de obscenidade e ordinarice dos profissionais dessa área tem vindo a aumentar exponencialmente, podendo apenas ser comparado ao nível das despesas dos hospitais públicos. Médicos a filmar colegas, enfermeiros ordinários e psiquiatras a violar pacientes. A crise está a afectar a mente desta gente que se quer “equilibrada”. Não se pode ter qualquer tipo de maleita neste país. A União Europeia tem-se preocupado em demasia com a questão da dupla tributação entre transações comerciais internacionais quando, na verdade, deveria estar atenta e focada no problema da dupla violação dos pacientes em Portugal. Primeiro, somos violados quando chegamos a uma instituição de saúde e nos deparamos com o montante que temos de pagar para sermos atendidos. E, quando pensamos que já nada poderá correr pior, ainda ficamos à mercê dos fetiches e devaneios de alguns profissionais de saúde, que exploram os nossos momentos de fraqueza e abusam de um organismo ainda debilitado da anterior violação. Costuma dizer o povo que quando alguém se encontra no hospital está bem entregue e no melhor local possível atendendo às circunstâncias. Povo enganado. Não queiram cair numa cama do hospital, ainda para mais se tiverem de usar uma daquelas batas muito sexy que só tapa praticamente a parte da frente. Sempre me perguntei sobre o porquê de apenas esconderem a fachada frontal do “edifício” mas com os últimos relatos sobre as actividades secretas de determinados profissionais da área da saúde acho que essa resposta foi finalmente revelada. Não nos preocupemos com as actividades e ligações secretas de membros do governo. Devemos é estar atentos a todas as movimentações secretas daqueles que lidam connosco num hospital. Não acham estranho que os filmes XXX que envolvem médicos e pacientes tenham como cenário aquilo que nos parece um hospital verdadeiro? Com aqueles materiais todos… Pois é. E que não se pense que os produtores desses filmes investem muito nos cenários e decoração. O que me parece é que são filmados em hospitais portugueses. E se um dia ganharem o prémio de actor/actriz secundário com o filme “Olha que coisa fofa aqui apareceu!” não se admirem.

Saude

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Coffee break…

Em plena seca extrema em Portugal, quer meteorológica quer financeira, surge na Assembleia da República um debate sobre o género de água que deverá ser consumida pelos nossos majestosos e delicados deputados no local de trabalho. Defende o deputado socialista Pedro Farmouse (apelido bastante exótico e moderno… parece nome de um jogo do Facebook) que os deputados passem a beber água da torneira em vez de consumirem água engarrafada. E esta é uma questão de relevante interesse nacional e que também deveria ser debatida nas reuniões com a Troika. Um estudo elaborado pelo Conselho de Administração concluiu que a água da torneira ficaria 30 vezes mais cara que a água engarrafada. Isso tudo tendo em conta os valores envolvidos com o custo do pessoal para transporte da água e com o vasilhame. Conclusão que levanta algumas questões de difícil resposta. Serão as canalizações da Assembleia da República revestidas a ouro maciço? A água que sai daquelas torneiras vem directamente de alguma nascente das Smokey Mountains? E porque é que tem de haver custos com o pessoal? Não podem os deputados levantar o cu dos cadeirões para ir buscar água e café, como toda a gente normal faz? Talvez os gastos não fossem tão exorbitantes. Mas não haver distribuição de água e café é considerado um absurdo. Ficariam os deputados sem condições para trabalhar. Seria difícil aguentar tantas horas de trabalho duríssimo se tivessem de se levantar. E toda a gente sabe que um deputado cansado é como um cavalo de pata partida: mais vale abater porque não renderá nada. Num momento em que grande parte dos portugueses já nem dinheiro tem para um simples café, o que verdadeiramente incomoda os deputados é terem de se levantar e tirar o próprio café que, inclusivamente, até é pago com os nossos impostos. Acredito piamente que até garrafas de aguardente tenham para quem prefere um “cheirinho”. Ficaremos ao menos com a satisfação de saber que, apesar dessas extravagâncias de milionários, a verdade é que o trabalho deles aparece feito e bem feito. Ou talvez não. Servirá então de consolo observarmos que temos deputados que sabem apreciar verdadeiramente uma garrafa de água e o reconfortante aroma do café. Uma boa lei é elaborada entre um gole de água e um trago de café. É um direito que lhes é assistido constitucionalmente. Até porque obrigá-los a servirem-se de água e café só serviria para levar ao despedimento dos vários funcionários públicos especializados em tirar cafés e entregar águas. E já chega de desemprego.

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Controlo parental…

Algumas escolas portuguesas irão começar a enviar mensagens por telemóvel aos pais dos alunos que faltam injustificadamente, avisando-os da respectiva falta de assiduidade às aulas. Esta modernização de serviços aliada a um grande choque tecnológico, permitirá aos pais serem informados na hora dos devaneios dos seus educandos, podendo os mesmos fazer de detectives e ir averiguando onde se encontram os referidos “desertores”. E esta maravilhosa ideia de mandar mensagens quando a “canalha” falta à escola deveria ser copiada e aplicada à Assembleia da República. Sempre que um deputado faltasse às sessões, todos os portugueses que nele votaram deveriam ser avisados. Claro que teriam de oferecer um bom telemóvel com um cartão de memória de grande capacidade a todos os tugas para podermos receber tantos avisos dada a elevada abstinência laboral dos deputados portugueses. E é óbvio que também é chato ter o telemóvel a tocar todos os dias de manhã, assinalando as faltas dos “gandins” e impedindo-nos de ter um sono absolutamente tranquilo. Mas, se fomos nós a trazê-los ao mundo (político), então temos a obrigação de zelar por eles. Acho muito bem que seja avisado quando aqueles em quem votei se baldam às suas obrigações. Tenho o direito a ser informado para procurar esses bandidos. Procurá-los num qualquer café ao lado da Assembleia da República onde essa “canalhada política” está a experimentar novos vícios com os amigos, como o tabaco, a droga, o álcool ou o jogo. Ou então, nos casos mais graves, quando já fogem para experimentar a corrupção, o tráfico de influências, o branqueamento de capitais ou o enriquecimento ilícito. Era de os apanhar e levá-los arrastados por uma orelha até ao Hemiciclo e envergonhá-los em frente a todos os colegas. Porque toda a gente sabe que o que envergonha mais essa “juventude” irreverente é mostrar que eles não são assim tão rebeldes e que ainda fazem aquilo que os “paizinhos” pedem. Era giro sintonizarmos o canal da Assembleia da República e vermos o sinal de “Controlo Parental: Precisa-se!”.

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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Os valores…

Um estudo elaborado por uma doutorada na área do Direito da Universidade do Minho pretende demonstrar que a crise económica é mais fácil de enfrentar a dois. As pessoas solteiras ou divorciadas sentirão uma maior dificuldade em responder às exigências cada vez mais rigorosas a nível económico. Ora, e tal como parece lógico, dois salários numa casa constituirá sempre uma situação melhor que ter apenas um salário. E não é preciso acabar uma tese de doutoramento para se chegar a essa conclusão. Mas este raciocínio tão simples e aparentemente tão “natural” poderá trazer uma forte inovação ao mundo dos relacionamentos. A pergunta “Queres casar comigo?” vai deixar de fazer sentido. Será sempre mais lógico passar a perguntar “Queres enfrentar a crise/austeridade comigo?”. Deixar-se-á de de pedir a mão em casamento para se passar a pedir uma conta conjunta: “Gostava de aproveitar o momento de pedir uma conta conjunta com a sua filha!”. Lindo. Casamentos e uniões de facto serão encarados apenas do ponto de vista económico. O romance e a paixão passam para segundo ou terceiro plano, conforme a quantidade de dívidas e o recheio da conta bancária. O “Amo-te” está completamente desactualizado quando já podemos dizer de forma carinhosa um “Endivido-te”, uma expressão bem moderna e agradável. O sonho de qualquer rapariga deixou de ser casar um dia na igreja. Actualmente, já só pensam em entrar um dia, vestidas de branco, de braço dado com o fiador, no banco mais próximo, onde as espera o “falido” para fundarem, não um lar, mas uma off-shore. Esqueçam lá as velhas fantasias de juntar os trapinhos. Juntarão, isso sim, uns troquinhos e se os bolsos já não estiverem furados. Tratamentos pirosos e melosos como “bebé, princesa, morzinho!”, serão substituídos por “minha spreadzinha”, minha “eurobond”… Fazer o amor? Nada disso! Fazer poupanças, isso sim é o mais importante. Ter filhos? Démodé. Porreiro, porreiro, é ter investimentos de alto risco financeiro.

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Suficientemente claro…

Há pessoas que quanto mais tentam encontrar um discurso fluente e acessível a todos, mais complicam e dificultam a capacidade de entendimento do receptor. A palavra não passa, os ouvintes ficam entediados e a mensagem cai no ridículo. E quando se tenta corrigir a mensagem, inevitavelmente as coisas costumam sair bem pior. Já toda a gente “espancou” verbalmente Aníbal Cavaco Silva pelas suas declarações sobre os míseros euros que recebe de reformas. Foi um alvo fácil. E foram críticas exageradas a alguém que se limitou a praticar a bela tradição lusitana do “choradinho”. Enquanto portugueses, podemos ganhar o Euromilhões que mesmo assim vamos dizer que não temos a certeza se esse dinheiro dará para enfrentar as despesas do dia-a-dia. Claro que a ter de pagar a motoristas, a andar sempre em automóveis muito pouco baratos e a manter variados palácios, é normal que o dinheiro não chegue. Mesmo contando com a ajuda dos velhos amigos de bancos privados que ajudam na “aquisição” de habitações. Essa ajuda será sempre insuficiente. Mas o mais engraçado nesta trapalhada toda do Senhor Aníbal é o facto de vir agora dizer que não foi “suficientemente claro” na questão das reformas. Não foi “suficientemente claro” mas toda a gente percebeu onde quis chegar. Ou seja, é nas alturas em que Cavaco Silva demonstra mais dificuldades de expressão que os portugueses melhor o entendem. Já quando demonstra grande clareza na emissão da mensagem, ninguém percebe patavina do que ele está a dizer. Basta recordar dois episódios de duas célebres intervenções de Sr. Presidente da República em horário nobre: a questão dos estatutos dos Açores e a famosa questão das escutas. Até hoje ninguém percebeu o que aquele homem quis dizer. E foi “suficientemente claro”, com discurso pensado e previamente preparado. Desta vez, sem discurso programado, não foi “suficientemente claro” mas toda a gente percebeu na hora. Quando diz o que lhe vai na alma (e na carteira!) torna-se bem mais simples compreender.

Anibal

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O bote…

Se a vida fosse um simples anúncio da Zon, o slogan seria:”há uma linha que separa a sorte da falta de vergonha na cara…e é bem mais ténue que a espessura da fibra”. De facto, há episódios na vida de uma pessoa em que é preciso ter muito cuidado com o que se diz e com o que se faz para não cairmos no ridículo. Depois de ter imitado a tragédia do Titanic, Francesco Schettino, comandante do Costa Concordia, afirmou em tribunal que não abandonou o navio. Simplesmente, escorregou e caiu acidentalmente num bote salva-vidas e não conseguiu voltar ao navio porque ele já estava muito inclinado. E, assim sendo, preferiu ir até à ilha e coordenar as operações à distância. Há pessoas bem bafejadas pela fortuna. É comovente a fatalidade de se cair acidentalmente num bote salva-vidas prestes a zarpar de um navio a afundar-se… Bem mais difícil que acertar na chave do Euromilhões. O tombo certo no local exacto à hora precisa. Toda esta combinação dos astros a favor de Schettino deixa-me invejoso da sua ventura. Se estivesse eu no seu lugar, o mais provável seria escorregar, bater com a cabeça no gradeamento, cair à água e ser atacado por tubarões que, miraculosamente, foram avistados naquelas águas. Schettino deve ser bem mais crente e praticante que eu. São momentos de sorte… Ou, como prefiro designar, momentos de “cara de pau”. A coincidência de se cair num bote salva-vidas é extraordinária. Sobretudo, quando a última coisa que o trapalhão queria era abandonar o barco, conforme tentou demonstrar. Mas esta história de Schettino ainda precisava de mais uns “pózinhos” para se tornar verosímil. Falta uma intervenção divina, um momento de iluminação celestial como deve ser. Deveria ter acrescentado que foi a mão de Deus que o empurrou para aquele bote. Precisamente a mesma mão que tinha atirado o navio contra aquelas rochas que surgiram do nada. Possivelmente, essas rochas foram colocadas pela mesma mão divina que não só empurrou o navio como também afastou Schettino da embarcação. Há mão de alguém no meio de tudo isto. Imaginação não lhe falta, atenção. E, como tal, bem merece esse prémio que são as duas pulseiras de prata, interligadas entre si e que combinam com qualquer indumentária. Infelizmente para ele, não se trata de Pandora’s…

AP comandante Costa Concordia

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Videotapes…

O que levará um ser humano a querer participar num acto sexual com Castelo Branco? Eis mais um grande mistério da Humanidade. Ao nível da sexualidade, o Homem é um animal completamente imprevisível, não há dúvida. Há gostos e preferências totalmente bizarras: animais, fruta, mortos… Mas com o Castelo Branco??? Convidar este personagem para participar em orgias revela uma morbidez inqualificável. Mais que um atentado ao pudor, a participação do “conde” em qualquer acto sexual deveria ser considerada proibida. Este ser não deveria nunca entrar num acto que esteja intimamente ligado com a palavra “procriar”. Se calha de deixar descendentes como ele, estamos a desgraçar o futuro e a tranquilidade das gerações vindouras. Já sei que me vão dizer que os actos sexuais praticados por Castelo Branco nunca poderão resultar em descendência. Diz que sim. Mas todo o cuidado é pouco. Um ser tão estranho como ele é bem capaz de engravidar daquela maneira. Manteve-se ao menos a decência e o bom senso no tribunal ao recusarem a passagem do vídeo na audiência. Só faltava estar uma sala de audiências completamente cheia, com toda a gente a olhar para um ecrã onde surge do nada o “conde” todo nu; um “western” repleto de acção e violência. E já se sabe que nos western’s há sempre alguém que leva na cara. Este não fugiu à tradição. O “conde” queria transformar o tribunal num cinema ordinário, alegando que tudo não passa de uma montagem. E eu acrescentaria: uma fraca, fraquíssima montagem dada a qualidade dos intervenientes. Mais assustador é o facto de ficarmos a saber que essa “coisa” tem andado no nosso tranquilo concelho. Que medo! Anda uma pessoa por aqui tão descansada, a beber o seu copo, e com esse predador à solta e cada vez mais próximo! Está comprovado que apenas os terríveis personagens usam roupa de marca. E se o Diabo veste Prada, a Bicha veste Chanel.

JOS-CA~1