domingo, 22 de abril de 2012

As dez horas…

E em plena ressaca pascal e com toda a parafernália de confusões em que o país se vai colocando, eis que o Vaticano resolve meter a sua colherada nas políticas do país. Segundo alguns responsáveis do Estado mais rico do mundo, a retirada dos feriados religiosos em Portugal não é consensual. Os “fartos” chegam até a acrescentar que existem fortes reservas por parte do Vaticano em relação a essa matéria. E isto é algo que nos deveria deixar preocupados a todos. Em primeiro lugar, porque nos andam a tirar feriados. Ainda para mais, feriados religiosos. Se isto continuam assim, ainda corremos o risco de nos tornarmos um estado laico! Deus nos livre! E em segundo lugar, e talvez o facto mais preocupante, parece que o Vaticano se quer meter nas questões do poder de decisão no nosso rectângulo. Não tenhamos dúvidas de uma coisa: se não forem os chineses a comprar este território, será certamente o Vaticano a irromper por aqui dentro e a transformar o nosso cantinho numa verdadeira paróquia. Vá lá, como já somos minimamente desenvolvidos, vou tratar o país por diocese. Mais “in”. Entre a China e o Vaticano que venha o diabo e escolha. Ficaríamos sempre a ser geridos por mentalidades da Idade Média. Porém, o Vaticano tem mais provas dadas no que concerne ao desenvolvimento e sustentabilidade económica. Acabarão por ganhar a corrida às lojas de conveniência chinesas. E aí estaremos mais desgraçados. Além de todos os impostos que já pagamos ao “bicho papão”, ainda voltaremos à velha e saudosa tradição do pagamento da dízima. Aprenderemos as velhas máximas católicas à força. Ai estão fartos de ser violentados com impostos? Então aprenderão a dar a outra face pagando a dízima a quem de direito. E em honra dos mandamentos sagrados, para que sejam memorizados e respeitados pelos portugueses que praticam a “heresia económica”, passaremos a trabalhar obrigatoriamente dez horas por dia: a primeira hora, servirá para aprendermos a amar o trabalho sobre todas as coisas; a segunda hora, para não invocarmos em vão o santo e glorioso nome do patrão; a terceira hora, para que guardemos apenas um dia de descanso semanal; a quarta hora, para nos lembrarmos de honrar o patrão e o Estado; a quinta hora, para não matarmos a vontade de trabalhar com o ócio; a sexta hora, para nos lembrarmos de guardar castidade nas palavras e obras durante o expediente; a sétima hora, para nos mentalizarmos de que não deveremos nunca roubar as Finanças e a Segurança Social; a oitava hora, para não levantarmos falsos testemunhos sobre os colegas de trabalho; a nona hora, para guardarmos castidade nos pensamentos e desejos, sendo humildes nos pedidos ao patrão; e a décima hora, para nos lembrarmos de nunca cobiçar a esposa do patrão. E talvez assim o país saia da crise.

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