Afinal, o que se passa com Mubarak? Faleceu ou não faleceu? Que mania têm estes ditadores, que se acham extremamente importantes, de chegarem ao ponto de mistificarem a própria morte? Não podiam simplesmente falecer? Parece que não. Até a sua morte tem de ser o centro das atenções e do debate universal. Num momento Mubarak falece mas no momento seguinte o suposto cadáver afinal ainda estrebucha. Ainda para mais tratando-se de um ditador egípcio, a coisa fica ainda mais misteriosa, mais enigmática. No Egipto nada é simples. Até o natural acto de respirar revela todo um desígnio místico e divino. Por outro lado, é reconfortante ver que os ditadores não andam com a vida nada fácil. Uns falecem, outros são condenados, outros são perseguidos e assassinados. Longe vão os tempos em que ser ditador era ter uma profissão segura, de futuro, algo dignificante para um dia contar aos filhos e netos. Mas, actualmente, nem a licenciatura de Tirania concedida na Universidade Independente assegura um futuro tranquilo e risonho. A crise mundial já afecta os tiranos e não apenas aqueles que terminam a licenciatura ao domingo. Mas enquanto outros se instalam comodamente em Paris, outros ora falecem ora ganham vida. Mubarak ainda não deve ter a certeza de que terá as quarenta virgens à sua espera e estará a ultimar essas negociações para não ser apanhado de surpresa ao chegar ao Além. Sim, porque hoje em dia não se pode dar por garantidas as quarenta virgens celestiais. Mubarak pode ter o azar de, ao falecer, ver a sua alma ser transportada para uma espécie de Casa dos Segredos celestial, onde o esperam não as quarenta virgens mas as doze ordinárias. O que, em todo o caso, pode não ser necessariamente mau. Entre a pureza/inocência e a perversidade, os homens sempre optaram pela segunda. O Inferno sempre foi bem mais tentador. Mas a verdade é que ainda não se sabe qual o estado de saúde de Mubarak. Temos de interpretar os sinais que são visíveis e especular até encontrar um padrão que permita resolver todo esse enigma. Precisamos de criptólogos e egiptólogos. Mesmo debilitado, Mubarak presta homenagem aos seus antepassados e envolve em mistério o seu estado físico. Ao menos este não se lembrou de construir pirâmides.
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