quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Aloe Blacc - I need a dolar

Dedicada a todos aqueles que votaram no Sócrates...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

E tu, já encontraste um idoso hoje?

Tudo o que se passa neste planeta se resume a uma questão de modas. As variações das preferências do ser humano determinam o respectivo desenvolvimento da sociedade em questão. Em Portugal, por exemplo, variamos constantemente no tipo de jogos sociais mais apreciados. Os tradicionais Monopólio e Pictionary foram sendo substituídos por outro género muito apreciado: Bullying. De um momento para o outro, todas as crianças em Portugal participavam neste jogo. Uns do lado activo, outros do lado passivo, claro está. Mas todos os jovens portugueses participavam, segundo as notícias inflamadas dos jornais. A moda, inevitavelmente, passou. Demorou a passar mas acabou por perder a piada. E como não podiam os portugueses estar muito tempo sem um passatempo divertido, eis que surge mais uma novidade ao nível lúdico que está a fazer grande sucesso entre toda a população. Depois de tanto termos procurado um jovem de nome Wally durante a infância, agora o jogo passa por encontrar idosos falecidos em casa, sozinhos ou com o animal de estimação por perto. Ganha quem encontrar mais idosos e o critério de desempate é o número de anos que o corpo do idoso esteve lá abandonado. Da noite para o dia, muitos idosos passaram a falecer teimosamente em sua casa apenas para que conseguissem ser notícia uma vez na vida. Há pessoas que fazem de tudo por cinco minutos de fama. Até agora, nenhum idoso falecia abandonado na sua própria casa. Nos últimos dias tem sido um fartote. Aquilo que antigamente era uma notícia triste e sobre a qual se deveria reflectir, agora é uma notícia fantástica e bombástica. Todos os dias aparecem títulos de jornais a dizer :"E aí está, mais um idoso encontrado morto". Parece algo espectacular. Um dia destes compramos uma casa com o respectivo recheio e deparamo-nos com um corpo no chão. Será que isso valorizará a casa se a quisermos vender no futuro? Vamos começar a ver anúncios nos classificados do género: "Vendo T2, mobilado, com vista para o mar. Em perfeito estado de conservação, pouca humidade, ideal para corpos abandonados. Inclui garagem e dois corpos ao fundo do corredor." Tanto sensacionalismo até faz ficar com a ideia de que os idosos estão a fazer de propósito para arruinarem com os empregos dos mediadores imobiliários e dos decoradores de interiores. Parecendo que não, um corpo de um idoso combina com muito pouca coisa. É difícil enquadrá-los na harmonia decorativa de qualquer divisão de uma casa. Até para a polícia é uma surpresa os idosos falecerem sozinhos em casa. Quando se vai à GNR fazer a participação do desaparecimento da Sra. Maria que já praticamente não pode andar, a última coisa que os agentes considerarão nos seus raciocínios é que ela possa estar falecida em casa. É mais fácil pensar que ela possa ter fugido de casa, onde, por acaso, mora sozinha. O chamado cúmulo da rebeldia.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Só na próxima Lua cheia...

E aí está o nosso Presidente da República a mostrar ao Sócrates quem é que afinal manda no país. Só lamento tal chacota por dois motivos: o primeiro, por não ter feito isso já no outro mandato; e em segundo lugar, por se ter vingado ao vetar um diploma que iria beneficiar grande parte dos portugueses, já que poderiam poupar dinheiro nos medicamentos. É pena que o "sôr" Aníbal resolva mostrar agora a famosa "vendetta" cavaquista. Ao pé de Cavaco Silva, o Marquês de Pombal era um menino. Quem vai levar na cabeça com esta birrinha são os doentes, já se sabe. Mas as pessoas já se deveriam ter mentalizado de que em Portugal não se pode estar doente. Somos dos poucos países que preferem ter criminosos a trabalhar em altos cargos nos bancos do que ter doentes a quem é preciso comparticipar nos medicamentos. É tudo uma questão de opções e de prioridades. Não é nada fácil ser doente em Portugal. Experimentem! Há duas semanas, liguei para o centro de saúde para marcar uma consulta com o meu médico de família e disseram-me que tinha consulta já no dia 10 de Março. Já??!! Fiquei todo contente por só faltar quase um mês e meio para ter consulta. Dei pulos de alegria. Mas não muito altos, não fosse aleijar-me. Quando chega o dia da consulta já a maior parte das pessoas não se lembra dos primeiros sintomas. Vou chegar à consulta em Março e direi ao médico que no ínicio de Fevereiro apanhei uma gripe pesada. Como não tinha consulta, não tive outra solução a não ser ligar ao professor Karamba que me prescreveu um medicamento. Ora, como o Cavaco não aprovou o diploma, não pude optar pelo genérico e tive de gastar mais dinheiro. No entanto, agora estou curado. Falarei mais um bocado sobre futebol, política e mulheres, e, depois de dizer tudo isto, levantar-me-ei, darei um abraço ao médico e vou-me embora. Deixa de ser um médico e passa a ser psicólogo. Aos poucos, os governantes deste país estão a tirar-nos tudo. Agora, até controlam os dias em que podemos ou não ficar doentes. Já nem esse direito de escolha temos. É que já tinha coisas marcadas para essa altura da consulta e não me apetecia muito ficar doente por essa data. Mas lá terá de ser. A função pública é que manda. O tempo que se demora a chegar à Lua é bem inferior ao tempo de espera de uma consulta. É pena não haver médicos por lá porque ficava bem mais em conta para os portugueses. Temos momentos determinados para entregarmos a declaração de IRS, temos momentos definidos para levarmos o automóvel à inspecção e temos momentos disponíveis para podermos ficar doentes. A isto chama-se organização competente ou "simplex medicinal".

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Se existe, está em Portugal...

Sincronismo. Mas o que é isso do sincronismo? Cientistas por todo o mundo têm tentado desvalorizar determinados acontecimentos que se verificaram neste planeta, dizendo que certas coincidências muito coincidentes não passam de, imagine-se, puras coincidências. Mas não é verdade. As puras coincidências escondem uma forte teoria, cimentada em observações rigorosas e isentas, como as do Banco de Portugal: a teoria do sincronismo. O exemplo clássico do sincronismo é o vôo de um bando de aves. Voam todas juntas, mudam de direcção em simultâneo e com um rigor extremo. Outro exemplo muito divulgado por esse mundo fora é o chamado efeito McClintock: um grupo de mulheres que trabalha no mesmo local durante um certo período de tempo tende a sincronizar o seu período menstrual. Nos homens também se passa algo parecido: depois de algum tempo a trabalharem juntos, os homens tendem a sincronizar os dias em que vão a boates e chegam bêbados a casa. É o efeito McPiela. Porém, e mesmo sendo confrontados com estes exemplos rigorosos e comprovados, alguns cientistas teimavam em desvalorizar o sincronismo. Mas esses mesmos cientistas não estavam preparados para o mais recente exemplo de sincronismo verificado em Portugal, e que tornará os mais cépticos nos mais crentes. Vamos aos factos: em Portugal, temos várias empresas de combustíveis e que são independentes entre si. Acontece que, de tempos em tempos, uma empresa decide aumentar o preço dos seus combustíveis em dois cêntimos no dia seguinte, por exemplo. Ora, qual não é o espanto dos gestores da empresa quando se deparam com um igual aumento do preço nas outras empresas e, coincidência das coincidências, também no mesmo dia. Como em Portugal temos uma total liberalização dos preços dos combustíveis, o normal seria que as empresas baixassem um pouco os preços para tirarem clientes umas às outras. Deveria uma empresa tomar a iniciativa de baixar o preço, o que levaria a que as outras empresas, quando reparassem que estavam a perder clientes, também baixassem os seus. A liberalização deveria consistir na descida dos preços de uma empresa, levando as outras a seguirem o seu exemplo posteriormente. Em Portugal, pelo contrário, consiste na subida dos preços e, mais engraçado, em simultâneo e em sintonia entre todas as empresas. A autoridade da concorrência não descortinou quaisquer características de mercantilização dos preços dos combustíveis. As evidências afinal não são assim tão evidentes. E se não há mercantilização, aquilo que se passa em Portugal é o mais puro exemplo de sincronismo comportamental. Pessoas diferentes, em locais diferentes e de empresas diferentes, são iluminadas pelo mesmo pensamento, no mesmo dia, à mesma hora. Daria um bom argumento para uma série televisiva. O título seria "CashForward", uma série sobre um grupo de terroristas que, durante dois minutos e dezassete segundos, provoca um desmaio global no país com a subida dos preços dos combustíveis, prometendo mais para o futuro.