Primeiro chegou a crise. Com a crise, chegaram os discursos e incentivos a viagens de longa estadia aos jovens recém-licenciados. E agora surge Bruxelas a dar mais um empurrão aos jovens para fora deste país. A partir de hoje, as chamadas em serviço roaming acabam por ficar mais baratas. A Comissão Europeia seduz os jovens com chamadas mais baratas para o país de origem. No fundo, mais não fazem do que dizer aos portugueses que podem ir embora porque poderão ligar à vontade para falar com a mãezinha e o paizinho. E aqui se inicia uma nova etapa de Descobrimentos para Portugal. Cinco séculos depois, os portugueses voltarão a ser lançados ao mundo depois do apelo do "grande chefe". Já não é um rei a ordenar-nos que partamos em busca da glória e de novos mundos para Portugal. Actualmente, as ordens de partida não servem propósitos tão nobres e são proferidas por pessoas que deixaram de ter sangue azul e passaram a interessar-se por sacos azuis que são, no fundo, os objectos de maior poder da actualidade. A procura da glória para a nação foi substituída por um simples "Não estão bem aqui, ponham-se a andar!". Podem dizer de tudo sobre os portugueses, que somos preguiçosos, que não gostamos de trabalhar e pagar impostos, mas não podem dizer que somos mimados. Em vez de sairmos do país em naus luxuosas e incentivados pelas multidões que acenavam à partida, somos corridos com um verdadeiro pontapé na parte do corpo sobre a qual nos sentamos. Não é tão digno mas, muito provavelmente, viajaremos mais depressa. Em 1500, os portugueses corriam o mundo e traziam escravos para trabalhar. Hoje, os portugueses correm o mundo para se fazerem escravos de outros. Não há canto da sereia que nos seduza a viajar para encontrá-las; em sua vez, temos o embalo de Vítor Gaspar, cuja melodia suave e serena nos embala nos seus ideais mais obscuros.
Sem comentários:
Enviar um comentário