domingo, 13 de maio de 2012

Indignações à Rasca…

E num belo dia de Maio do ano da graça do senhor de 2012, voltam os indignados a ocupar as Portas do Sol em Madrid. E notícias como esta também me deixam indignado com a dualidade de tratamentos tão abissal entre dois países praticamente “hermanos” e de cultura muito semelhante. Senão vejamos: em Espanha, um grupo de jovens que se junte numa manifestação pública contra as políticas do seu país, contra a situação sócio-económica a que chegaram e contra as dificuldades em arranjar emprego, é apelidado como “Indignados”. Um nome muito sugestivo, que inspira a revolta, a luta, a credibilidade no movimento. Em Portugal, um grupo de jovens que se junte numa manifestação pública contra as políticas do seu país, contra a situação sócio-económica a que chegaram e contra as dificuldades em arranjar emprego, é apelidado de Geração à Rasca ou Geração dos Recibos Verdes. Só a denominação do movimento implica um fracasso à nascença. E fico indignado por chamarem “Indignados” ao movimento espanhol e “À Rasca” ao nosso. Será que os espanhóis se indignam mais que os portugueses? Prece que basta saltar a fronteira entre os dois países para que tudo se altere. Nós, que aqui somos tratados como coitadinhos, mal colocamos o pé em Espanha ganhamos super poderes e começamos a ser apelidados por “El Indignado!”. Mas se voltarmos a casa porque nos esquecemos de dar de comer ao peixinho dourado, já voltamos a ser uns desgraçados à rasca. Nós é que deveríamos ser apelidados de indignados, de revoltados, porque toda a gente sabe que é bem mais fácil estar indignado em Espanha. Eles têm subsídios de desemprego com valores mais elevados, tem largadas de touros nas ruas, tem os locais mais apetecíveis para as viagens de finalistas, tem o Mourinho, o Cristiano Ronaldo, o Barcelona, a Irina e, mais importante de tudo, têm um rei enquanto que nós apenas temos um duque. Aqui é bem mais complicado. Mostrarmos a indignação é praticamente impossível quando se tem de estar preso horas e horas nos centros de emprego, nas repartições da segurança social, das finanças… Desta forma, claro que teremos de andar à rasca. De dinheiro e, sobretudo, de tempo. Mas como lá diz o povo, “tempo é dinheiro”. Por isso, é tudo a mesma coisa.

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