sexta-feira, 1 de junho de 2012

Deslocados…

A ONU prevê num dos seus habituais relatórios que o número de deslocados continue a aumentar nos próximos dez anos. As previsões não têm por base o continente africado ou asiático. Baseiam-se, essencialmente, no continente europeu e, mais especificamente, no caso português. Acham os técnicos responsáveis pelo estudo elaborado que continuará a aumentar a emigração e a fuga clandestina para outros estados. E entende-se perfeitamente que tenham chegado a tal conclusão sem precisar de grandes dados. Da maneira como está a economia de Portugal, é mais que evidente que muitos portugueses queiram relembrar o tempo dos Descobrimentos. Em vez de Feiras Medievais, festejamos as grandes expedições marítimas. Portugueses que trocarão as suas vidas miseráveis no país onde nasceram e que procuram uma qualquer palhota com todas as condições necessárias à razoável sobrevivência humana num qualquer recanto perdido do continente africano, bem mais evoluído que o país do Fado. Não fosse já suficiente toda a envolvência económica do estado, ainda temos governantes que incentivam uma verdadeira “infestação” lusitana ao planeta Terra. “Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra”. Esta é a versão do Génesis, essa malta que fundou uma banda. A versão Passos Coelho é ligeiramente diferente: crescer, multiplicar, encher e espalhar pela terra… mas sempre fora de Portugal. Espalhem-se… para longe. No fundo, somos governados por mais um profeta. E no dia da criança será importante meditar sobre isso. Que as próximas gerações tenham mais sorte que a nossa. E por “mais sorte” entenda-se “que o Governo pague os bilhetes de avião quando nos mandam embora”. Já tinham colocado um português como Alto Comissário para os refugiados na ONU e deveríamos ter suspeitado de tal nomeação. Agora, as coisas vão fazendo sentido. Entre refugiados e deslocados, lá estaremos nós na linha da frente. Mais preocupante é que esta previsão tem como espaço temporal dez anos. O que quererá dizer que a crise se manterá até 2022. Até lá, não deveremos fazer grandes projetos de vida. Sobretudo, os que incluam estadias mais ou menos prolongadas no território nacional. Um dia, quando menos esperarmos, poderemos ser nós os próximos convidados a sair. Não percam a esperança. Os relatórios da ONU costumam ser acertados e rigorosos…
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