Como prémio pelo excelente comportamento e como reconhecimento do mérito escolar pelos seus maus desempenhos nos exames, todos os alunos do 4º ano que se virem chumbados nos exames de final de ano terão obrigatoriamente mais três semanas de aulas. Uma espécie de segunda oportunidade para quem não se conseguiu safar. Portugal é um país caricato. Ao contrário do que parece acontecer no resto do mundo, em Portugal o ensino tende a ser cada vez mais facilitado. E o facilitismo começa, infelizmente, cada vez mais cedo, numa idade em que é fundamental os alunos saírem bem preparados, com conhecimentos assentes em bases seguras. Mas o que tem interessado é “forçar” a aprovação de todos os alunos, transmitindo-lhes uma mensagem de que não precisam de se esforçar para passar. Acabarão por ser “empurrados” para o ano superior, mesmo sem conhecimentos para tal aprovação. À boa maneira portuguesa, enveredamos pela lei do menor esforço e pela procura desenfreada de números que tentem demonstrar uma melhoria na qualidade de ensino quando se passa precisamente o oposto. Desta forma, não estará muito longe o dia em que não será preciso saber ler nem contar para se atingir o 5º ano. E depois vê-se. Os professores do 5º ano que tiverem o azar de ficar com turmas onde estejam incluídos esses alunos que se desenrasquem. E esses professores terão mesmo de se esforçar pois reprovar alunos é cada vez mais complicado e mais burocrático. Para se chumbar um preguiçoso ignorante é preciso mandar um requerimento à Troika a pedir permissão para tal, muito bem justificado dado que as notas dos exames já não servem de justificação para uma reprovação. É preciso mais imaginação. No fundo, estas três semanas extra para alunos que reprovaram são apenas um castigo para os professores mal comportados que, por obra de justiça divina, viram os seus alunos reprovarem nos exames. Tudo por culpa dos pecados dos professores que insistem em ensinar. São mais três semanas em que os professores terão de aguentar os alunos mais cromos. E tentar incutir-lhes em três semanas os conhecimentos que deveriam ter adquirido num ano lectivo. Sobrecarga para os alunos? Nada disso. Trata-se, isso sim, de uma grande e penosa cruz para os professores. É que se mesmo assim os alunos voltarem a reprovar. lá virão os pais dizer que os professores é que são culpados. E com alguma razão. Em vez de se dedicarem ao ensino, que optassem por outras áreas. Que tirassem outras licenciaturas. Da maneira como isto vai, muito brevemente deixaremos de ter professores e vamos ter apenas acompanhantes do ensino já que estão a perder o poder de avaliar.
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