sexta-feira, 4 de maio de 2012

Os dissidentes…

A China acaba de abrir a porta de saída a um dissidente para que este possa estudar fora do país. O governo chinês, muito conhecido pelo excelente tratamento com que brinda os seus opositores, resolve mostrar ao mundo mais uma prova da sua boa vontade, inscrevendo o famoso e quiçá único dissidente numa espécie de programa Erasmus. E o que levará a China a permitir a saída desse “fulano” para o estrangeiro, quando poderia perfeitamente terminar uma licenciatura na China? Sim, porque na China também existem universidades e não apenas lojas de conveniência e restaurantes. Bom, é que para acabar o curso, o dissidente precisaria com certeza de fazer a cadeira de Direitos Fundamentais, que é cadeira não lecionada no país da Grande Muralha. Mas esta boa vontade demonstrada pelo governo chinês não é nada de muito especial. Em Portugal também o fazemos e com muito mais requinte. Tivemos um “dissidente” que governou o país durante anos a fio, que trouxe a bancarrota consigo e no final ainda permitimos que ele tenha viajado tranquilamente para Paris para estudar. Poderá finalmente o “quase engenheiro” Sócrates terminar uma licenciatura sem ser ao fim de semana. E nestas demonstrações de afecto e respeito pelo ser humano, nós portugueses somos bem mais incisivos que a República Popular da China. Uma questão de cavalheirismo. Temos quem nos desgrace o país e como castigo permitimos que o bandido se exile em França a estudar, para que um dia consiga perceber em que estado deixou a nação. Somos uns fofos. Mas o caso do engenheiro não é pioneiro. Já antes deixamos sair um tal de Vale e Azevedo para Londres, onde tem passado os anos a estudar a “arte de bem enganar e ridicularizar os portugueses”. No caso deste senhor, já estamos na presença de um mestrado após várias pós-graduações. E a este também já ninguém o agarra. Fica a pergunta: Podemos responsabilizar as famílias destes senhores pelas consecutivas faltas que eles tiveram com a nação? À boa maneira do ensino obrigatório. A China pode ser uma das maiores potências económicas do mundo actual mas no que diz respeito ao nível de desenvolvimento da falta de vergonha, Portugal está muito mais evoluído graças à prática registada ao longo dos séculos. Basta ver que enquanto a China se divertia a construir muralhas e a fechar o país, nós preferimos partir para a Reconquista e depois para os Descobrimentos, de forma a deixarmos fugir mais uns bandidos. Já é uma questão cultural, de identidade. Dizem que somos hospitaleiros mas a maior prova de hospitalidade é a dos chineses: recebem as pessoas e fazem de tudo para que não possam fugir. Literalmente.

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