quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Arca de Noé aportou em Lisboa...

Chama-se Gliese 581 G e é o mais recente planeta potencialmente habitável descoberto por cientistas americanos. Não podia vir em melhor altura esta notícia. Este planeta é a solução para a difícil situação dos portugueses. Esqueçam lá os PEC's, as ajudas do FMI ou a fé inabalável de Sócrates e companhia. O futuro dos portugueses passa pela emigração interplanetária. Este planeta já se tornou demasiado pequeno para podermos escapar às garras maquiavélicas deste ministro das Finanças que adora meter a mão em bolso alheio. Se o Teixeira dos Santos andasse vestido com uns jeans e uma t-shirt, certamente seria apelidado de carteirista. Mas como anda de fato e gravata é tratado por ministro das Finanças. Fujamos para o Gliese 581 G. Fica a apenas 113 trilhões de milhas. De TGV chega-se perfeitamente lá em 2 horas. Os cientistas afirmam que se trata de um bom planeta para a expansão de formas de vida inteligente, ou seja, podemos andar seguros por lá porque nenhum membro deste Governo se ambientaria em tais condições. A incompetência é como a paciência: tem limites. Resta-nos pegar nas barcarolas da nossa frota pesqueira (que por incompetência do Governo ainda é do tempo dos Descobrimentos) e partamos à busca de novos territórios onde possamos nós controlar tribos indígenas em vez de continuarmos a ser governados por eles aqui em Portugal. Neste momento, tenho a certeza de que até para o Planeta dos Macacos os portugueses iriam porque lá o IVA é de apenas 17% e não há notícia de que os macacos das classes média e baixa paguem as potentes carroças de madeira dos macacos gestores públicos. Temos de seguir o exemplo dos macacos e desatar a catar os parasitas que nos sugam até ao tutano. Começo até a achar que o TGV e novo aeroporto são bons projectos já que tudo o que nos permita sair rapidamente de Portugal será muito útil num futuro lamentavelmente muito próximo. Deixemos o país entregue à bicharada. Mais ainda...
Este país não é para velhos... E infelizmente também não é para novos e mesmo as pessoas de meia idade sentem enormes dificuldades para sobreviverem. Este país é para cabrões. Vamos para o Gliese 581 G. A má notícia para os portugueses é que parece que nesse planeta não há bacalhau.
E pensar que já fomos donos de meio mundo...

sábado, 18 de setembro de 2010

O próximo seleccionador...

Carlos Queiroz, esse pobre mártir do Desporto, lá acabou por ser despedido. Uma triste notícia para os próximos adversários de Portugal. Nesta história rocambolesca do seu despedimento é preciso salientar uma coisa muito importante: o problema de Queiroz não foi ter sido mal-educado com o Luís Horta; o verdadeiro problema de Queiroz foi não ter insultado alguém mais cedo. Os portugueses sempre viram em Queiroz um homem educado, sério, incapaz de levantar a voz fosse para quem fosse. Ora, desde que voltou à Selecção, Queiroz começou a chamar burros aos jornalistas, andou à pancada no aeroporto com um comentador e acabou a falar de uma determinada parte do corpo da mãe do médico Luís Horta que estaria a precisar de ser examinada, segundo o professor. Queiroz deveria ter demonstrado desde o início da sua carreira de que também é capaz de dizer umas ordinarices e bater em quem quer que fosse. Uma mudança tão radical de comportamentos chocou os portugueses. Deveria ter feito como o Scolari. Esse, mal chegou, fez questão de mostrar o quão rude era. E ainda hoje alguns suspiram por ele. Mas ver um professor a falar de con** com tanto à-vontade, demonstra que afinal eles não precisam assim de tantas formações para darem educação sexual nas escolas. Com o despedimento de Queiroz, a Federação Portuguesa de Futebol deixou-se influenciar pelos programas da moda e resolveu criar um programa próprio para encontrar o novo seleccionador de Portugal, um programa que é uma mistura dos “Ídolos” com o “America’s Next Top Model”. O referido programa designar-se-á “Portugal’s Next Top Coach” e os candidatos serão avaliados de acordo com as suas excentricidades e não pela capacidade de treinar, já que esse nunca foi o critério utilizado por Madaíl. De acordo com as revistas cor-de-rosa, os candidatos são (por ordem alfabética):

Carlos Carvalhal: O estudioso do futebol viu a sua candidatura a seleccionador ser reforçada desde que se transformou em comentador de futebol na RTP, e passou a beneficiar dos ensinamentos desse “monstro” do futebol chamado Luís Freitas Lobo. E chamo-lhe monstro porque da maneira como ele fala de futebol, até parece que este desporto é um bicho de sete cabeças. Carvalhal também só fala em linhas, em blocos e em basculações, linguagem que será mais apropriada a Engenharia Civil do que ao Futebol, sendo certo que a maior parte dos jogadores da Selecção não o conseguiriam entender. Já os do Marítimo e do Sporting não tinham conseguido. Tem a seu favor uma fraquíssima passagem pelo Sporting, precisamente o mesmo critério que levou à escolha de Queiroz. Sendo um homem do Minho, domina perfeitamente o Malhão e a breve passagem pela Grécia tornou-o habilitado no famoso e exigente “Hassápico”.

Diego Maradona: Aquele que dizem ser o melhor jogador de sempre, limitou-se a ser um boneco vivo no banco da Argentina durante o Mundial, notando-se que percebe tanto de tácticas como o Sócrates. Não levou os jogadores em melhor forma ao Mundial, uma característica bastante apreciada por Madaíl. Adora distribuir beijos pelos seus jogadores, o que causará um choque tremendo em Portugal, pois nunca nos passou pela cabeça sequer a imagem do Queiroz a dar um beijo na cara ao Ronaldo. Além disso, tem a seu favor o facto de perceber mais de drogas que o próprio Luís Horta. Os controlos anti-doping deixariam de dar problemas pois o seleccionador saberia como contorná-los. Além de dominar o Tango, as passagens por Espanha e Itália fizeram de Maradona competente nas áreas da Sardana e da Tarantela.
Jaime Pacheco: Tem no seu currículo um campeonato nacional pelo Boavista, sendo um grande especialista na chamada táctica da “pancadaria de criar bicho”, muito semelhante ao 4-3-3. Filósofo e pensador do futebol, tem como expressões de marca alguns tesouros modernos, tais como “ faca de dois legumes” e “bodes respiratórios”. Consegue dizer mais palavrões por jogo que o próprio Bruno Alves, o que facilitará a tarefa ao Laurentino Dias caso as coisas não estejam a correr tal como ele pretenderia. Com tanto palavrão e com aquela personalidade encantadora, o secretário de Estado arranjará facilmente um caso extremamente sério e grave para abrir um processo disciplinar. Grande apreciador dos Pauliteiros de Mirandela, viu o seu currículo enriquecer com as passagens por Espanha e pela Arábia Saúdita, tornando-se um erudito em Zarzuela e em Ardha.
José Couceiro: Teria no seu currículo uma Taça de Portugal neste momento, se não tivesse sido guloso e trocado esse grande clube chamado Setúbal pelo Porto a meio da época 2004/2005. Teve mais olhos que barriga e acabou por não ganhar nada. Ou seja, em termos de currículo está ao nível da nossa Selecção. Já trabalhou para a Federação e, como tal, tem perfeito conhecimento da porcaria que por lá existe. Pode-se considerar um homem da casa. Um aspecto positivo a reter: na época 2005/2006, mesmo tendo o melhor marcador do campeonato, Couceiro conseguiu a proeza de descer o Belenenses de divisão, mas acabou por se salvar na secretaria. Ora, mesmo que não nos apuremos directamente para o Europeu, com Couceiro talvez ganhemos algum processo na secretaria. Pode haver algum “Mateus” na Dinamarca. Dança o Fandango desde os 3 anos. Com a passagem pela Lituânia, Couceiro aprendeu Suktinis e, mais tarde, na Turquia aprendeu Zeybek, que dança maravilhosamente em noites de lua cheia.
José Mourinho: “Il speciale” está na mira de Madaíl para vir treinar a Selecção em part-time no mês de Outubro. Também eu queria um part-time destes mas nunca encontrei nada parecido nos Classificados. Estamos a chegar ao cúmulo de mendigar ao mais recente D. Sebastião para aparecer por cá e nos salvar desta encruzilhada. Muito mal estamos nós quando a única solução que dizem que temos é chamar o Super Mourinho, o novo Jesus Cristo. Se Mourinho já era super arrogante, mesmo no que diz respeito ao país, agora é que ninguém o vai calar. Vai achar-se ainda mais “especial” porque vê que em alturas de crise o principal responsável pelo futebol português lhe vai bater à porta com a corda ao pescoço, pronto a beijar os pés ao “Speciale”. No fundo, Madaíl reencarna a figura de Egas Moniz, só que em vez de ir a Toledo vai a Madrid pedinchar. E assim do nevoeiro surge aquele que será o candidato mais forte. Mas o público será soberano e se os amigos de Mourinho não ligarem para votarem nele, o “especial” pode muito bem perder. Especialista no Corridinho, Mourinho aproveitou as passagens por Inglaterra, Itália e Espanha para se pós-graduar em dança Morris, Napolitana e em Paso Doble.
Luis Aragonés: Outro candidato de peso a seleccionador e que tem no currículo um Campeonato da Europa. Como Portugal só chegou a vice-campeão europeu, pode-se efectivamente comparar Aragonés aos muitos licenciados que se candidatam a empregos que exigem habilitações literárias muito abaixo das que eles possuem. Além disso, seria engraçado ter um seleccionador que nasceu antes da 2ª Guerra Mundial. O que seria muito conveniente para Aragonés, já que, como presenciou uma grande guerra mundial, já terá experiência suficiente para aguentar as grandes guerras que correm dentro da Federação Portuguesa de Futebol. Quando Aragonés começou a carreira de treinador ainda nenhum dos jogadores da nossa selecção era nascido. Estamos perante um verdadeiro dinossauro, grande “connaisseur” de Flamenco e de Gobek Dans, que aprendeu na Turquia.
Luiz Felipe Scolari: Tem no seu currículo um Campeonato do Mundo ao serviço do Brasil e um Campeonato da Europa que entregou de forma brilhante a um conjunto de jogadores gregos que tinham vindo a Portugal apenas para fazer turismo. Gosta de pugilismo, fazendo vibrar as plateias a cada soco aplicado ao adversário. Grande responsável pelas inúmeras bandeiras defeituosas de Portugal vendidas pelas lojas dos chinocas, conseguiu converter Madaíl à Senhora do Caravaggio, que não é nada mais que uma Senhora de Fátima com sotaque brasileiro. Herói para muitos portugueses devido à sua personalidade encantadora, Felipão tem como virtude ser dos poucos treinadores do Mundo capazes de desfazer em pouco tempo grandes equipas construídas pelo Mourinho: primeiro na Selecção e depois no Chelsea. Não é fácil. É visto com frequência a sambar, sendo um expert em dança do ventre, que aprendeu pelas passagens pelo Médio Oriente, e é dono de uma escola de Vira em Porto Alegre.
Manuel Cajuda: Tem um filho que participou nos Morangos com Açúcar, o que significa que não tem capacidade para lidar e formar as camadas mais jovens. Caso fosse seleccionador, o mais certo seria que os jovens mais promissores acabassem a contracenar na Lua Vermelha. O seu currículo não ocupa muito espaço na secretária de Madaíl já que não há muito para preencher, mas tem uma qualidade que o presidente muito aprecia: é um pedinchão de primeira. Passou muitos anos a tentar arranjar lugar no Benfica e agora tenta um lugar na Selecção. Cajuda e Madaíl fariam uma dupla terrível: um a pedinchar e outro a mendigar. Poderíamos não nos apurarmos para o Europeu, mas os cofres da Federação haveriam de ficar bem recheados. Tem o Corridinho no sangue, o que o leva a correr de um clube para outro muito rapidamente, servindo-se dos conhecimentos obtidos no Médio Oriente para aprender a Dança das Espadas, que muito jeito lhe dará caso seja o escolhido.
Manuel José: O “Faraó” já venceu mais Ligas dos Campeões que o Mourinho. Tudo bem que foi em África mas currículo é currículo. Tem um ódio de estimação por Pinto da Costa, o que o torna muito parecido com Scolari. Quando fala do futebol em Portugal, Manuel José costuma ser uma espécie de Rui Santos, só que mais crítico e sarcástico. Foi seleccionador de Angola, o que lhe conferiu capacidade e experiência para treinar selecções de países em vias de desenvolvimento, tal como Portugal. E como conseguiu colocar o Mantorras a jogar pela selecção, pode ser que faça o mesmo com o CR7 na selecção portuguesa. Passou muitos anos perto das Pirâmides do Egipto e pode em breve conviver de muito perto com outra pirâmide bastante deteriorada: a pirâmide da estrutura da Federação. Mas as pirâmides do Egipto parecem bem mais seguras e o cheiro a podre não é tão intenso. Dança a Cana Verde como um menino e sempre que insulta alguém vê o seu corpo ganhar vida própria e desata a dançar Zaar, que aprendeu no Egipto, para afastar os maus espíritos. Além disso, não perde uma oportunidade de passar na Amadora para matar saudades da Kizomba.
Octávio Machado: Deve ser das poucas pessoas no mundo que se pode gabar de ter sido treinador de futebol, agricultor e bombeiro. Se bem que Octávio Machado tinha mais tendências para incendiar do que para apagar fogos, como se pode observar pelas suas passagens por Sporting e Porto. Só mesmo esses dois clubes para o contratarem. Caso seja seleccionador, não haverá mais problemas com relvados em estados miseráveis e que lesionam jogadores, ou não fosse este treinador um homem da área. A escolha de Octávio Machado até pode fazer algum sentido: com tantos nabos na Selecção e na Federação, nada melhor que um agricultor para tomar conta deles. Contudo, Octávio seria um treinador em part-time, tal como Mourinho. A Selecção teria de dividir o seleccionador com as vindimas, com a apanha da maçã e com a plantação de couves. O primeiro homem a denunciar os “Big Ladens” que existem no futebol português, formou-se no curso técnico de pisar uvas e todos os fins-de-semana desloca-se a Setúbal para mostrar as suas aptidões no Verde-Gaio.
Paulo Bento: Veio de Espanha a falar com aquela musiquinha bastante ridícula que me faz lembrar o Paulo Futre. E como apregoa tanto a tranquilidade, tenho medo que adormeça de vez os jogadores da Selecção. Por outro lado, se Paulo Bento for o escolhido, teremos um seleccionador com um penteado fantástico, bastante moderno e que atrairá certamente muitos patrocinadores. Tem fama de “sargentão”, à boa maneira de Scolari, o que fará as delícias de Madaíl. Porém, a verdade é que, até hoje, Paulo Bento só treinou o Sporting. Se treinar um clube dessa dimensão já chega para se ser seleccionador, então o Pedro Caixinha também pode enviar o currículo para a Federação. Está habituado a ficar em 2º lugar, o que até dava jeito nesta fase de grupos. Dança agradavelmente bem a Chula e dizem que se tornou grande fã do Funaná.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

1, 2, 3, Diga lá outra vez...

O primeiro round do processo Casa Pia terminou e não houve knock out. A luta há-de continuar num palco perto de si. Todo este processo, que focou a atenção das principais cadeias informativas do mundo no nosso país, ficou marcado por determinados elementos-chave que nos deveriam fazer reflectir sobre o estado do país e, sobretudo, da sociedade. São sete os elementos-chave, precisamente o número de arguidos neste processo. Coincidências. São eles:
1- CASA PIA: Quando Pina Manique fundou esta instituição, ele teria como grande objectivo proporcionar e trazer um futuro melhor às crianças órfãs. Mas o destino é cruel e a única coisa que trouxe a esses jovens foi um andar novo. No fundo, a Casa Pia é uma espécie de Telepizza para pedófilos. Os produtos estariam expostos num site, com o respectivo número de telefone e identificação do produto, e para quem estivesse interessado bastaria ligar e proceder à encomenda. Mais ou menos isto:
"- TeleCasaPia, boa noite. Qual vai ser o seu pedido?
- Ora boa noite. Queria encomendar dois miúdos. Um com todos os ingredientes e outro mais moreninho, mais bem passado e sem borbulhas. Ah! E pão de alho também, já agora... Para a morada do costume."
E, tal como acontece na Telepizza, também nesta situação era um senhor de casaco vermelho que levava a encomenda a casa.
2- AS DENÚNCIAS: Uma das questões que mais inquieta as pessoas é o porquê de estas denúncias demorarem tantos anos a serem efectuadas e como foi possível que estas situações se tenham prolongado por tantos anos. A resposta até é simples: as denúncias iam sendo ignoradas porque o Manuel Abrantes era provador-adjunto da Casa Pia. Ora, os miúdos queixavam-se de abusos sexuais a alguém que abusava sexualmente deles. Era algo do género:
" Zezinho (nome fictício): - Ó sôr Abrantes, sôr Abrantes! Eu queria contar-lhe um segredo...
M. Abrantes: - Ai sim? Então fala lá depressa...
Zezinho: - Ó sôr Abrantes, sôr Abrantes, o sôr Carlos Cruz abusou sexualmente de mim.
M. Abrantes: - Vou já registar a queixa. Agora cala-te lá e continua a chupar."
E era por isso que as denúncias não chegavam ao Ministério Público.
3- O PAGAMENTO: Outra das coisas que o tribunal se esqueceu de referir era se estava ou não provado o pagamento efectuado aos miúdos em troca de favores sexuais. E esta questão também é muito importante. O país precisa de saber se estes jovens andaram a fugir ao Fisco durante todos estes anos. Receber dinheiro e não o declarar às Finanças é algo gravíssimo. Assim, se uns foram acusados com base nos artigos 171º e seguintes do Código Penal, também os miúdos deveriam ser acusados com base no artigo 103º do RGIT. Se eu tenho de declarar, por hipótese, os 20€ recebidos a apitar jogos de futebol, porque é que estes miúdos não são obrigados a declarar o que recebem a "abafar palhinhas"? Tem que haver igualdade fiscal.
4- AS INCONGRUÊNCIAS: Os arguidos têm falado nas possíveis incongruências dos testemunhos e em erros nas descrições dos locais onde decorreram, eventualmente, os abusos. Cá para mim, esses erros são entendíveis e desculpáveis. Digamos que a posição em que os miúdos se encontravam nos locais não deveria facilitar muito a capacidade de observar todos os pormenores que os rodeavam. E ter um "burro velho" a abusar deles tornaria tudo pior. Além disso, se praticar sexo anal passivo fosse bom para a memória, certamente que alguém já teria reconhecido nesse acto uma possível cura para o Alzheimer.
5- A CASA DE ELVAS: Outra coisa que me intrigava: mas porquê uma casa em Elvas e não noutra cidade do país? Porquê lá? Bom, temos de entender que a Casa de Elvas está para os pedófilos como o Ramalhete estava para o Carlos da Maia e para a Maria Eduarda: podia ser apenas uma simples casa mas preferiram torná-la num antro de pecado. E sempre dá um ar de romance a este processo. A Casa de Elvas... E porquê em Elvas? Já dizia a canção: "Ó Elvas, ó Elvas/ Badajoz à vista"! Os miúdos deslocavam-se a Elvas na falsa esperança de ver Badajoz por um canudo e ir aos caramelos. Mas quando lá chegavam, só viam o canudo... Mas também ganhavam caramelos.
6- O SALVAMENTO: Para ser um verdadeiro romance, este caso precisava de alguém que fosse salvo das garras do mal. Foi o que aconteceu a Paulo Pedroso. Enrolado profundamente neste processo, o deputado teve no PS a sua tábua de salvação, que lhe poupou, muito provavelmente, a sete magníficos anos de prisão. Esta situação só serve para mostrar que quem não está filiado num dos partidos do poder terá mais probabilidades de vir a ser condenado por algo que tenha ou não feito. Por isso, meus caros, inscrevam-se no PS, no PSD ou até mesmo no CDS. O cartão de militante será uma espécie de "Cartão de libertação da cadeia", à boa maneira do Monopólio.
7- AS CONDENAÇÕES: É difícil explicar à maior parte das pessoas o porquê de alguém que acaba de ser condenado a 18 anos de prisão continuar em liberdade, com um sorriso na cara e urinando numa qualquer casa de banho pública muito perto de algum de nós. Não há explicação possível para justificar o facto de alguém ser condenado a passar tantos anos na cadeia mas ainda assim sair do tribunal pela porta da frente. Se há indícios e provas tão fortes que se leve a condenar alguém com tantos anos de prisão, então o recurso não deveria ter nunca efeito suspensivo. Penas de prisão iguais ou superiores a 10 anos de prisão nunca deveriam ser suspensas por um recurso. Neste momento ainda é possível, o que traz um maior sentimento de desconfiança em relação à Justiça por parte das pessoas.
Esperemos que o próximo round não dure tanto tempo...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Imaginação fértil...

E em pleno processo de crucificação pública de Carlos Queiróz, eis que se volta a falar da Maddie. E, mais uma vez, não é por bons motivos nem por boas novas. A nova pista para a polícia sobre este caso foi revelada por um pedófilo, essa gente tão prestável, que às portas da morte resolve escrever uma carta ao seu filho dizendo que nada teve a ver com o desaparecimento da miúda. Até aqui nada de anormal. Estranho seria se ele tivesse confessado a participação no crime. O que realmente interessa em toda aquela carta escrita do fundo do coração é a acusação efectuada pelo pedófilo. Escreveu o próprio que a Maddie foi levada por um grupo de etnia cigana. Ou seja, momentos antes de partir para se encontrar com o Criador e provavelmente abusar dos muitos anjos que dizem existir por lá, esse senhor resolve acusar os ciganos. Na minha modesta opinião, além de parva esta acusação é, sobretudo, muito fácil. Desaparece alguém e quem haveremos de acusar? Os ciganos. Em miúdos, quando não queríamos comer a sopa, a quem é que as nossas mães se referiam que nos iriam levar para longe caso a sopa ficasse no prato? Aos ciganos. Ora, é muito fácil acusar os ciganos quando não há provas de nada e se pretende intimidar alguém. O que se retira de tudo isto é que a imprensa anda a dar atenção a pedófilos que dizem coisas parvas. Tão boas reportagens se poderiam fazer com pessoas interessantes e estes jornalistas dão visibilidade a um pedófilo que acusa ciganos. Uma acusação muito conveniente numa altura em que se fala muito de ciganos e da sua repatriação. Se a Amazónia fosse o centro de todas as conversas, talvez os acusados do rapto da Maddie fossem os índios indígenas brasileiros, esse safados que andam nus e brincam com setas. Sobretudo, porque estamos numa altura do ano em que aparecem muitos no Algarve. Se era para acusar alguém que seja o causador de receios infantis, sempre seria melhor acusar, entre outros, o Bicho Papão, o Monstro que existe debaixo da cama ou no armário, o Velho da noite, o Shrek, um grupo de palhaços, o ET, o Big Foot, o Abominável Homem das Neves, ou até mesmo o pior de todos: o Velho que vive no escuro.