quinta-feira, 17 de março de 2011

Hole in one...

Numa altura em que o Estado pretende aferir da qualidade de vida e dos hábitos quotidianos da população portuguesa através dos famosos censos, penso que deveriam ser incluídas duas perguntas muito simples nos mesmos: 1) Já jogou golfe?; 2) Se nunca jogou, já entrou nalgum campo de golfe?. Parecem-me perguntas importantes e bastante pertinentes já que o governo decidiu baixar o IVA do golfe de 23% para 6%. Será um incentivo à prática do golfe? Deve ser a única explicação possível. Nada melhor que passar horas a fio em amplos espaços verdes para esquecer que estamos prestes a declarar a falência do país. O único problema desta medida é o facto de não produzir quaisquer efeitos para 99,9% da população portuguesa. E os 0,1% da população que serão beneficiados correspondem a pessoas de vastos recursos económicos. Quem quiser ir a um ginásio paga 23%; para jogar golfe bastam 6%. A quantidade de clientes de um só ginásio deve equivaler a todos os portugueses que praticam golfe no norte do país. E não é com ordenados mínimos que se pode jogar golfe. Cortam-se reformas mas baixa-se a tributação numa actividade reservada a gente de vastas posses e turistas endinheirados. Para eles, o IVA do golfe até poderia ser de 50% que nem se importariam com isso. No entanto, tinhamos de o baixar. Onde está a austeridade? Foram estas medidas que acordaram em Bruxelas? Esses caralhos da União Europeia querem vir para cá jogar golfe quase de graça? Era tão bonito recebê-los à tacada. Ou atirar-lhes bolas de golfe, moda que teve grande adesão em Portugal. No golfe, ganha quem conseguir meter a bola no buraco com o menor número de pancadas. Sócrates tem feito algo mais difícil: com apenas uma pancada meteu um país no buraco. Um fantástico "hole in one" para o Zézinho. Mas que Sócrates não se ache um Messias. As condições para tal resultado tornaram tudo mais fácil: ventos de desgraça na direcção do buraco, inclinação acentuada do país no sentido descendente e tamanho do buraco anormalmente dilatado. Mesmo assim, com tantas facilidades, alguns teriam falhado. Mas não José Sócrates.



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