quarta-feira, 9 de março de 2011

Há beatas no petróleo...

Na próxima quinta-feira, e aproveitando o ambiente carnavalesco que se vive em Portugal por estes dias, o Bloco de Esquerda irá apresentar a sua famosa moção de censura. Nesse mesmo dia, Kadhafi poderá já não estar no poder na Líbia. De facto, estamos numa era muito complicada para pseudo-tiranos. As coisas não andam nada fáceis para quem pensa que os seus poderes lhe foram delegados por uma entidade superior. O mundo islâmico está em ebulição; Portugal está em banho-maria. Sempre fomos um povo mais brando. Uma coisa é inegável: a história de Kadhafi e Sócrates parece estar interligada e não parece augurar nada de bom para o futuro dos dois. As semelhanças entre ambos são imensas. Podemos começar pelo medo do Bicho Papão estrangeiro. Kadhafi receia ver o seu país invadido pelos americanos, que têm tanto interesse pelos direitos dos líbios como eu tenho pela qualidade das minhocas utilizadas na pesca desportiva. Por seu lado, Sócrates tem pesadelos com a cada vez mais inevitável invasão do FMI. As noites não devem ser muito sossegadas. Outra coisa que os aproxima é o facto de evitarem a todo o custo sair do poder com dignidade, mesmo quando já repararam que pouco poder ostentam. Já parecem o Frodo agarrado ao anel. Contudo, quando estão desesperados, tratam muito bem das revoltas contra as suas governações. Ficamos a saber no dia de ontem que a Universidade de Cartum, no Sudão, pretende retirar o título de doutor honoris causa a Kadhafi. Até nisto são parecidos. José Sócrates será eternamente confrontado com a sua possível "não-licenciatura" e a Kadhafi irão tirar o doutoramento. Nem a vida académica corre bem a estes senhores. Só faltava ficar a saber-se que o doutoramento de Kadhafi ocorreu ao domingo. Mas não deve ter sido porque no Sudão há pessoas sérias. Kadhafi padece de outra maleita muito grave: não há unanimidade em relação à forma como se pronuncia o seu nome. Para uns é Kadhafi, enquanto que para outros poderá ser Gadhafi, al-Khaddafi ou al-Qadhafi. E como vimos na última campanha para as legislativas, existem militantes do PS com altos cargos no partido que também não sabem ao certo o nome do mestre: pode ser Sócrates, Socrates, Sócratas, Socras ou simplesmento Socas. Na escola, Kadhafi destacou-se na Matemática, na Literatura e na Geografia. Matérias relativamente às quais Sócrates tem tido muito dificuldade: tem um Ministro das Finanças que não percebe nada de Matemática; escolhe Ministras da Educação que, na Literatura, enveredam pelos policiais; e teve um Ministro das Obras Públicas que afirmava que a margem sul é um deserto, o que mostrava toda a sua ignorância no que respeita a conhecimentos geográficos. E termino com a maior semelhança entre estas duas personagens: ambos passaram vários anos da sua vida a abominar o Socialismo. Kadhafi abominou o Socialismo aproximadamente até 2005. Por seu turno, Sócrates tem abominado o Socialismo desde que se tornou Primeiro-Ministro. Eles até podem ter petróleo mas nós temos o tinto carrascão. E é fácil de ver qual de entre estas duas coisas mais falta fará ao mundo civilizado.

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