No Chile, conseguiram tirar literalmente 33 mineiros do buraco dois meses depois de ficarem soterrados. Do outro lado do Atlântico, num país chamado Portugal, efectua-se hoje mais uma tentativa de tirarem 10 milhões de pessoas de um buraco onde já se encontram há vários anos. Torna-se mais difícil o salvamento em Portugal porque, para além de serem obviamente muito mais pessoas a necessitarem de ajuda, não temos uma sonda Fenix concepcionada pela NASA. Em vez da sonda, temos um Orçamento de Estado concepcionado por Sócrates. Lá no Chile, o meio de salvamento foi pensado pelos melhores engenheiros da maior agência mundial; em Portugal, o meio de salvamento foi pensado por alguém que nem sequer terminou o curso de Engenharia. Por isso, se algum dia nos perguntarem qual a diferença entre a sonda Fenix e o Orçamento de Estado será fácil adivinhar a resposta: a diferença é que a sonda é obra de verdadeiros engenheiros.
Os mineiros chilenos tiveram de ser submetidos a uma dieta de líquidos para aguentarem a dureza da travessia. Cá em Portugal, os portugueses estão a ser submetidos a uma dieta nos rendimentos líquidos, de forma a conseguirmos passar no buraco.
A sonda Fenix paralisou não só o Chile como o resto do Mundo, deixando as pessoas presas ao ecrã, muito emocionadas. O Orçamento de Estado irá produzir quase o mesmo efeito: paralisará um país, já que as greves estão marcadas, e deixa as autoridades da União Europeia e do FMI de lágrima no canto do olho de tanto se rirem das nossas asneiras.
Enquanto estavam presos na mina, havia instrucções para que só dessem boas notícias aos mineiros, de modo a evitar depressões e mantê-los animados e esperançados. Em Portugal, quanto mais afundados estamos, piores são as notícias que nos dão. A psicologia também não é o forte de Sócrates.
Por tudo isto é que os chilenos conseguiram sair do buraco enquanto que por cá as previsões não são assim tão optimistas.
Mas olhando para o que se passou no Chile, será que algum português gostaria mesmo de sair do buraco? É que não nos podemos esquecer que as primeiras pessoas que iríamos ver e que nos tentariam abraçar seriam o Sócrates e o Cavaco Silva. Valeria a pena sair de um buraco para receber tal punição? No mínimo, será discutível.
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