terça-feira, 26 de outubro de 2010

Vamos fazer amigos...

"Mi amigo José Sócrates..." A frase só poderia ser dita por alguém que mora do outro lado do Atlântico e que faz da censura à oposição a sua principal arma política. A prova de que Hugo Chávez é mesmo um mau político e um péssimo gestor de recursos económicos do seu país foi revelada com a visita a Portugal. Só alguém parvo e sem cultura económica é capaz de vir até cá e investir qualquer coisa como 1100 milhões de euros sem ser nos casinos. Aliás, se esse dinheiro fosse gasto em casinos a probabilidade de a Venezuela receber alguma contrapartida seria bem maior do que com a compra de "Magallanes". Mas se, por um lado, Chávez não percebe nada de Economia, a verdade é que o líder venezuelano se encontra perfeitamente enquadrado com a realidade automobilística do país. Tanto assim é que a primeira coisa que Chávez fez quando saiu do avião foi mandar sair o motorista da carrinha que o transportaria até Viana do Castelo e conduziu ele próprio. As notícias dos acidentes nas estradas portuguesas e os hábitos de condução dos lusitanos chegam já até à Venezuela, está visto. Contudo, há algo de que ninguém poderá acusar Chávez, que é o facto de não ser um bom e fiél amigo. Costuma dizer o povo que é nas alturas de necessidade e aperto que se vêem os verdadeiros amigos. E estes trocos venezuelanos chegam em óptima altura para Sócrates. Chávez disponibilizou-se a "dar as duas mãos" a Portugal. O problema é que as suas duas mãos irão custar-nos os olhos da cara. E esta permuta anatómica deixará o país ainda mais na ruína, a menos que passemos a acreditar que a Venezuela anda a meter aqui dinheiro a fundo perdido. Perdidos estamos nós. Engraçada esta expressão de "custar os olhos da cara". Era necessário referir que os olhos são da cara? Que outros olhos terão os seres humanos? Ai, ai... Este povo é tão ordinário... Dada a actual situação sócio-económica do país, se calhar até nem iremos pagar com os olhos da cara...
Em vez de andar a negociar directamente com o PSD o Orçamento de Estado, José Sócrates anda por aí em passeios românticos e a tomar chã com Hugo Chávez. Lá diz o povo:"uma mão lava a outra... e as duas juntas lavam a roupa". O que me custa mais é ver Sócrates numa tentativa disparatada de falar castelhano. Bem sei que o castelhano é das línguas mais utilizadas em filmes pornográficos e que esses filmes para adultos reflectem em grande parte aquilo que o Primeiro-Ministro nos anda a fazer. Mas mesmo assim era escusado. Falar em português é das poucas coisas em que ainda não se cobra imposto. Até ao dia...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sondas e Orçamentos...

No Chile, conseguiram tirar literalmente 33 mineiros do buraco dois meses depois de ficarem soterrados. Do outro lado do Atlântico, num país chamado Portugal, efectua-se hoje mais uma tentativa de tirarem 10 milhões de pessoas de um buraco onde já se encontram há vários anos. Torna-se mais difícil o salvamento em Portugal porque, para além de serem obviamente muito mais pessoas a necessitarem de ajuda, não temos uma sonda Fenix concepcionada pela NASA. Em vez da sonda, temos um Orçamento de Estado concepcionado por Sócrates. Lá no Chile, o meio de salvamento foi pensado pelos melhores engenheiros da maior agência mundial; em Portugal, o meio de salvamento foi pensado por alguém que nem sequer terminou o curso de Engenharia. Por isso, se algum dia nos perguntarem qual a diferença entre a sonda Fenix e o Orçamento de Estado será fácil adivinhar a resposta: a diferença é que a sonda é obra de verdadeiros engenheiros.
Os mineiros chilenos tiveram de ser submetidos a uma dieta de líquidos para aguentarem a dureza da travessia. Cá em Portugal, os portugueses estão a ser submetidos a uma dieta nos rendimentos líquidos, de forma a conseguirmos passar no buraco.
A sonda Fenix paralisou não só o Chile como o resto do Mundo, deixando as pessoas presas ao ecrã, muito emocionadas. O Orçamento de Estado irá produzir quase o mesmo efeito: paralisará um país, já que as greves estão marcadas, e deixa as autoridades da União Europeia e do FMI de lágrima no canto do olho de tanto se rirem das nossas asneiras.
Enquanto estavam presos na mina, havia instrucções para que só dessem boas notícias aos mineiros, de modo a evitar depressões e mantê-los animados e esperançados. Em Portugal, quanto mais afundados estamos, piores são as notícias que nos dão. A psicologia também não é o forte de Sócrates.
Por tudo isto é que os chilenos conseguiram sair do buraco enquanto que por cá as previsões não são assim tão optimistas.
Mas olhando para o que se passou no Chile, será que algum português gostaria mesmo de sair do buraco? É que não nos podemos esquecer que as primeiras pessoas que iríamos ver e que nos tentariam abraçar seriam o Sócrates e o Cavaco Silva. Valeria a pena sair de um buraco para receber tal punição? No mínimo, será discutível.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Vinicultura não deixa de ser cultura...

Uma semana depois de ter anunciado um conjunto de medidas que nos tornará no povo mais pobre e triste da União Europeia em simultâneo com um jogo do Benfica, José Sócrates volta a surpreender todos os politólogos. Este homem é das pessoas mais surpreendentes e imprevisíveis a nível mundial. Questionado sobre as previsões do FMI de uma futura recessão em Portugal, o nosso Primeiro-Ministro resolveu ignorar esse tema e tratou de realçar o papel económico do vinho. Desta vez tenho de admitir que o Sócrates deu uma goleada ao FMI. Digamos que prever uma recessão económica para Portugal não é nada de extraordinário nem de elevado grau de dificuldade. Nem era preciso ler nas entranhas de um animal. Qualquer bola de cristal comprada nos chineses revelaria essa situação. Curiosamente, a reputação do FMI varia muito perigosamente consoante as previsões: quando são más, o nosso Primeiro-Ministro ignora-as; quando são boas, Sócrates não poupa elogios ao trabalho do seu Governo e às rigorosas previsões do FMI. Compreendo. Eu também gosto mais de elogios que de críticas acentuadas. Mas eu não sou Primeiro-Ministro. Mas realçar o papel do vinho na economia é um verdadeiro golpe de génio capaz de "abafar" as previsões do FMI. Os portugueses sempre suspeitaram das capacidades "milagreiras" do vinho para a economia e é por isso que desde sempre nutriram um especial carinho por tal bebida. Já Jesus Cristo atribuíra especial importância ao vinho ao equivaler o seu sangue ao vinho e não à água, por exemplo. E com razão. Pão e água fazem inchar bastante o estômago, enquanto que o vinho até faz aquecer os pés. Voltando à questão, Sócrates defende que o vinho pode ser importante para uma recuperação da economia e realça o bom trabalho das produções vinícolas. A crise nunca assolará completamente o país enquanto houver vinho que nos proteja. É fácil de ver porque é que o vinho interfere na economia: todos aqueles que bebem vinho sem moderação ficam soltos de quaisquer complexos financeiros e desatam a investir, nomeadamente em mais vinho. E o que este país precisa é de investimento. Troque-se o Hemiciclo por uma qualquer plantação vinícola do Douro; troquem-se os impostos por pipas e tonéis. O país pode não ficar melhor mas ao menos deixará de se preocupar com a crise. O cheiro a vinho deixaria de ser um indicativo de saloios e passaria a ser sinal de riqueza e prosperidade. Entreguemo-nos ao vinho de corpo e alma e felicidade não nos faltará. Nem cirroses. Os abstémios serão acusados de acentuarem a crise. E os alcoólicos anónimos serão considerados um grupo hostil face aos princípios fundamentais do Estado de Direito. E assim lá vamos nós, de copo em copo, com um enólogo à frente do destino do país.