"Caro B.O.A.:
Chegar a casa para almoçar e ver-te a participar num dos programas da manhã da televisão pública é algo que me inspira para mais uma tarde de trabalho. Convidam-te para fazeres parte de programas onde só vão pessoas doentes e desequilibradas. É fantástico ver até que ponto vão os directores desses programas só para que não te sintas diferente entre as pessoas. Admira-me essa tua incontinência verbal relativamente a temas tão importantes para a tua Ordem como os copianços no CEJ ou a prisão preventiva de jovens delinquentes. E mostras toda a tua sabedoria ao não desperdiçares nem um pouco do teu latim com temas como o aumento dos emolumentos para os estagiários ou a retirada do exame de repetição. Eu bem gostaria de falar contigo sobre estes temas que não têm interesse absolutamente nenhum para a instituiçao que representas e por isso é que se apresenta quase impossível estabelecer contacto através da Ordem. Mas tenho sido muito parvo, confesso. Afinal, para falar directamente contigo basta ligar para o programa da Júlia, também com a vantagem de poder ganhar algum dinheiro no jogo da Glória. Surpreende-me essa tua contínua tentativa de descredibilização da minha licenciatura e da minha universidade. Eu sei que não tirei o curso na melhor universidade de direito do mundo, mas pelo menos terminei a licenciatura sabendo o que é o princípio da não retroactividade. Que, por acaso, é um princípio de que se fala em praticamente todas as cadeiras do curso. Pelos vistos, deves ter faltado às aulas em que explicaram no que consiste esse princípio. Mas também só pode falar de princípios quem os tem. Na minha licenciatura de treta, também tive de passar à cadeira de Obrigações, matéria que já deu para ver que não é o teu ponto forte. Com essas alterações unilaterais dos contratos, era garantida a reprovação com os meus professores. Fica a ideia que os teus eram mais liberais ou então utilizaste a famosa técnica dos futuros magistrados do CEJ para passares à cadeira. Criticas tudo e todos, à boa maneira portuguesa. Para ti, os juízes são todos uns corruptos, os magistrados do MP são corruptos, os políticos são corruptos... Fico contente por ver que neste país de criminosos és a única pessoa honesta e idónea a exercer as suas funções de acordo com a ética e a deontologia profissional. Apesar de o dever de urbanidade não significar nada para ti. Dizes precisamente o mesmo que me diz a minha avó com 84 anos. Curiosamente, e apesar da diferença de idade, ela também é analfabeta. Acusas e não provas nada. Andas a denegrir outras classes e outras pessoas e não és capaz de mostrar algo em concreto que sustente essas afirmações. O que me faz duvidar dos teus conhecimentos de processo civil e penal. E já começam a ser muitas as áreas em que os teus conhecimentos são, digamos assim, duvidosos. Mas esta canalhada nova é que não percebe nada de Direito. Aludes às dificuldades dos portugueses, defendias que ninguém deveria ficar arredado da advocacia por insuficiência económica. No fundo, és um fofo. No entanto, e pela calada, fazes um assalto às expectativas de milhares de estagiários que pagam para trabalhar. Comparado com a tua cara de pau, o pinóquio era feito de carne e osso. Podes até ser B.O.A., mas já se viu que não és boa coisa.
Um abraço apertadinho."
1 comentário:
Muito bom Luis, amei!!
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