Pode ser apenas uma mera impressão minha, aceito perfeitamente essa crítica, mas acho que esta neblina que anda no ar não é nada mais nada menos que fumo. Penso que sim. E atrever-me-ia a ir mais longe: acho que este fumo todo deve-se a incêndios e aos muitos churrascos que acontecem por esse país fora. Não querendo acusar ninguém, até porque penso que se trata da mais pura coincidência, mas a verdade é que esta fumarada torna-se bem mais intensa precisamente naquela altura do ano em que "les emigrants" andam por aí, ávidos da bela tradição portuguesa do churrasco no meio do monte. Mas isto não passa, é preciso realçar, de uma mera coincidência. A explicação para esta intensa nuvem de fumo é outra e muito mais complexa que os churrascos nas matas. Tudo isto que se passa à nossa volta tem dedo político e desconfio de um conluio entre o Presidente da República e o Primeiro-Ministro. Passo a explicar. A Islândia, esse belo país perdido no meio do nada e afundado numa crise económica profunda (mas não tão profunda quanto a nossa, claro...), conseguiu paralisar literalmente meio mundo e ser o centro das atenções durante várias semanas com apenas uma "nuvenzita" de cinzas. Aproveitaram-se do tal vulcão (do qual ninguém consegue pronunciar o nome) para impingir o caos aos outros países e, num ápice, toda a gente já conseguia identificar a Islândia num qualquer mapa-mundo. Ora, como em Portugal ainda não temos vulcões no Continente, a solução para criar uma nuvem de cinzas passa por incendiar o país de norte a sul. E, diga-se de passagem, estamos a conseguir isso com tremendo êxito. A nossa nuvem de cinzas tem qualidade e potencial para rivalizar com a nuvem da Islândia e tornar Portugal numa das maiores potências do lançamento de porcaria atmosférica. Sócrates poderá finalmente anunciar que estamos na vanguarda de alguma coisa. E como ninguém tem visto Sócrates, tenho a certeza de que afinal não deixou de fumar e os incêndios são causados por uma das suas beatas lançadas ao vento. Mas, como já referi, o Primeiro-Ministro não está sozinho nesta história. Esta nuvem de fumo, tal como a da Islândia, não facilitará o tráfego aéreo. Os portugueses serão impelidos a passar férias em Portugal. E quem é que tinha apelado a que os portugueses aproveitassem a crise para passar férias em Portugal? Exactamente. Aníbal Cavaco Silva. Não acredito em teorias da conspiração mas que elas existem, lá isso existem.
sábado, 14 de agosto de 2010
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Não tive tempo...
O Procurador Geral da República comparou-se à Rainha de Inglaterra. O que era suposto ser uma piada ainda se irá transformar num caso de enorme procura em revistas cor-de-rosa. O PGR e a Rainha de Inglaterra não partilham apenas os mesmos poderes; a beleza de ambos é semelhante e por demais evidentes são as parecenças entre eles; e aquela pronúncia da Rainha sempre me pareceu muito beirã, tal e qual a de Pinto Monteiro. No fundo, acho que essas duas personagens devem partilhar até laços de sangue. Devem ser gémeos separados à nascença, mas cujos destinos acabaram por ser, mais coisa menos coisa, equivalentes. No mínimo, semelhantes são. Em pleno séc. XXI, os dois ainda vivem no mundo da fantasia e do "faz de conta" e o juramento de vassalagem dos seus súbditos deixa muito a desejar. Sobretudo nos súbditos do Pinto Monteiro. Estas queixas do PGR são tudo menos compreensíveis. Estamos em Agosto. Supostamente, o PGR está ou deveria estar de férias. Então de que poderes falará o PGR? Serão os poderes profissionais ou matrimoniais? O Pinto Monteiro deveria estar a queixar-se da falta de liberdade em casa, certamente. Deve ter uma esposa de punho firme e que não deixa o menino andar a fazer castelos na areia à beira-mar. A submissão matrimonial de Pinto Monteiro já é assunto de discussão em praça pública e isso era algo que deveria ter ficado em segredo de justiça. Falando agora um pouco mais a sério, esta questão de o Ministério Público não ter tido tempo de fazer umas perguntas ao Primeiro-Ministro faz-me lembrar os tempos de estudante. Os Procuradores fazem precisamente aquilo que eu fazia quando tinha exames. É fácil fazer a analogia: tanto os Procuradores como eu sabíamos perfeitamente o dia em que seríamos avaliados (no caso dos Procuradores, o dia em que expiram os prazos do processo) e deixavamos tudo para o último dia. E, chegado o último dia, concluimos o que de mais evidente existe no Mundo: não tinhamos tempo para nada. Com a diferença de que eu pagava o curso enquanto estes "marmanjos" são pagos a peso de ouro para, imagine-se, "trabalhar". E, tal como acontece quando eu digo que não tive tempo para fazer algo e as pessoas desatam a rir, também os Procuradores passam pela mesma situação quando invocam a falta de tempo. Como eu os entendo.
domingo, 1 de agosto de 2010
Uma escola para cada um...
Ser Ministro da Educação não deve ser nada fácil. Por muito que se esforce o detentor da pasta da Educação, a verdade é que nunca conseguirá agradar a toda a gente. Se beneficia os alunos, desagrada os professores; se tenta agraciar os professores surge imediatamente a revolta das associações de pais; se atende às reivindicações das associações de pais, os alunos fazem greve às aulas. No fundo, a função de ministro da Educação consiste em tentar perceber qual destas três partes tem menos pontaria para o lançamento dos ovos. Bom, e agora a ministra de "Uma Aventura" pretende continuar com o encerramento de milhares de escolas por todo o país que não possuam um número mínimo de alunos inscritos. Claro que tal medida nunca será bem encarada por ninguém, mesmo que as condições das escolas estejam ao nível do palácio do Saddam Hussein depois dos bombardeamentos americanos. É díficil perceber a teimosia de quem não pretende ver encerrada uma escola no meio da serra sem condições nenhumas e com apenas dois alunos. Para os professores, trabalhar nessas condições não é nada motivador: não podem faltar porque não há outro para o substituir nem têm companhia para tomar café no intervalo das aulas. Para os pais também não é nada agradável porque não podem falar com um professor para dizer mal de outro. Mas são os alunos que mais sofrem com essas condiçoes. Só tendo mais um companheiro nas aulas, os alunos correm o sério risco de ficarem sem alguém por quem copiar nos testes, basta o parceiro faltar; insultar os professores e vandalizar o seu automóvel também não será fácil pois as culpas só poderão ser imputadas a duas pessoas; brincadeiras do género de esconder o porta-lápis perderão toda a graça porque facilmente serão denunciadas ao professor e não haverá o benefício da dúvida em relação ao autor da brincadeira. Trocar o lanche com o parceiro ficará mais complicado porque aumenta a probabilidade de não gostarmos do lanche da outra pessoa e depois não haverá mais ninguém com quem trocar. Entre rapazes, os jogos de futebol perderão toda a piada e se forem duas alunas não haverá ninguém para saltar à corda porque as únicas duas alunas estarão a segurar em cada ponta. Além disso, só estando dois seres do sexo feminino numa escola, a probabilidade de um esgotamento para as duas é muito forte já que não existe uma terceira pessoa de quem elas possam falar mal. Se for um rapaz e uma rapariga ainda será pior pois estarão praticamente condenados a casar um com o outro. E falsificar uma assinatura numa folha de presenças fica fora de hipótese pois era demasiado óbvio. Tudo bem que é porreiro gastar dinheiro do Estado. Mas poupemos algum para que possam pagar a indemnização ao Carlos Queiróz.
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