E, de repente, dois portugueses dão que falar por esse mundo fora. Se no Mundial nos levaram a taça e nos deixaram numa profunda depressão por vermos os vizinhos a festejar, já o título de melhor adepto ninguém nos tira. Dino Supremo, o super homem de bigode, é o super adepto do Campeonato do Mundo. E, para mim, este sempre foi o principal objectivo do Mundial. Não há nada mais importante que termos o melhor adepto do Mundo. Aquela "tacita" em ouro e que pesa meia dúzia de quilos qualquer um consegue. Mas o título de melhor adepto não é para todos. Isto deveria levar os jogadores a reflectirem um pouco, porque não é qualquer selecção que tem adeptos com tanta categoria. Mas bem sei que juntar a palavra "jogadores" ao verbo "reflectir" na mesma frase, só pode resultar numa reflexão utópica. Os outros ganham em campo mas nós vencemos na bancada. E toda a gente sabe que é melhor ser rei na bancada que rei no campo pois é na bancada que estão as moçoilas ávidas de confraternização e deboche. No relvado é só homens. Dizem que a Selecção não tinha grande criatividade no ataque e, no entanto, na bancada não há povo tão original quanto o nosso. Aqueles jogadores não mereciam estes adeptos. Por outro lado, Sérgio Paulinho venceu uma etapa da Volta a França e fez história. Não é todos os dias que um português ganha uma etapa na principal competição de ciclismo. Mais uma vez um português fazia capas de jornais desportivos internacionais e, mais uma vez, por algo que não aconteceu dentro de um relvado. Se, à primeira vista, os feitos de Dino Supremos e Sérgio Paulinho nada tem a ver um com o outro, após uma reflexão mais atenta e cuidada lá acabamos por distinguir pontos comuns entre as histórias. Mas pontos que não vangloriam o povo português. Com estes feitos, fica-se com a ideia de que, para um português conseguir ser alguém e chamar a atenção, tem de andar numa bancada com umas cuecas vermelhas por cima da roupa ou então em cima de uma bicicleta com um sensual e lindíssimo fato de lycra, bem ajustado ao corpo. As imagens não são propriamente agradáveis, é certo. Mas se não for assim, somos votados ao esquecimento. A fama tem o seu preço e é demasiado elevado. Se queremos ser famosos temos de fazer figura de parvo.
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