quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ut semper...

Que os nossos políticos são músicos, creio que já não é propriamente novidade para ninguém. Música não tem faltado aos portugueses sobretudo da parte do senhor quase engenheiro. Mas o facto de serem bailarinos é que já é uma grande novidade. Em plena capital espanhola, quando confrontado a propósito da "aliança" com o PSD para a tomada de medidas mais severas, o nosso Primeiro-Ministro teve a graciosidade de dizer que para se dançar o tango são precisas duas pessoas. Mas eu ainda acrescentaria mais alguma coisa à frase de modo a reforçar a ideia de Sócrates: são precisos dois para dançar o tango mas basta um para nos deixar de tanga. Depois de ter sido aprovado o casamento homossexual, o que nos faltava mesmo era ver o Sócrates e o Passos Coelho com aquelas roupas justas, muito agarradinhos, deixando-se levar por todo aquele ambiente sensual... e, claro, Sócrates com uma rosa na boca. Se a rainha Santa Isabel fosse viva, o seu milagre teria mais impacto na sociedade. Assim que a rainha chegasse aos seus aposentos, um T1 numa habitação social, vinda do seu emprego numa fábrica que já não paga salários à 3 meses, e com um monte de dívidas no regaço, o rei lhe perguntaria: "Santo Deus! Por ventura trazeis vós mais dívidas, mulher?" Ao que a santa rainha lhe diria:" São os Rosas, senhor...!" No fundo, esta alegoria do bailarico com tangos só serve para termos plena consciência de que estamos a passar de país desenvolvido da Europa para um qualquer país em vias de desenvolvimento da América do Sul. Por isso é que o Benfica aposta tanto em argentinos. Eles aqui sentem-se em casa. Não precisamos de TGV's, nem de aeroportos ou auto-estradas. Precisamos, isso sim, de novos clubes de danças latinas. Transformaram o Palácio de São Bento na maior escola de tango da Europa. Logo vi que aquelas caras sisudas com que Sócrates e Passos Coelho saiam das reúniões no palácio não poderiam resultar apenas de horas de debate político. Aquilo era a face visível de pura exaustão de horas e horas em tangos. Mas que José Sócrates tenha cuidado. O estado do país e as previsões para os próximos tempos são mais propícios à Lambada que ao Tango.


Sem comentários: