Parece que o futuro dos portugueses depende destas três iniciais: PEC. Mas afinal o que é isto do PEC e porque é que todos os dias somos bombardeados com quase meia hora de reportagens sobre esta coisa? A União Europeia diz que estas iniciais abreviam Plano de Estabilidade e Crescimento. Mas eu penso que não. Da maneira como está o país, com todos estes negros cenários que se adivinham no horizonte dos portugueses, acho que a União Europeia nos está a mandar uma mensagem escondida nestas iniciais e que PEC significará na verdade "Pirem-se Enquanto Conseguirem". Aquilo que deveria ser a solução para os nossos problemas económicos e sociais transformou-se numa complexa arma de arremesso entre o Governo e a Oposição. Fica-se com a sensação de que o PEC é Jesus Cristo e o Governo faz de Pilatos perante a responsabilidade de decisão sobre o futuro. A solução é :"Lavo as minhas mãos". A responsabilidade de governar é "atirada" para aqueles que perderam as eleições. Acho que existe aqui algo de estranho. Governo e Oposição parecem estar a jogar o "Passa a bomba", ficando aliviados logo que os holofotes incidem sobre o "jogador seguinte". O que é mais grave nesta história é que, ao contrário do que se passa nesse jogo do Buzz, esta "bomba" só passa para o adversário depois de muitas asneiras ditas e feitas e não por se ter respondido correctamente a alguma questão. A maior parte das pessoas não sabe o que é o PEC nem as consequências que irão sofrer com as medidas lá previstas, mas os portugueses já não suportam ouvir falar em tal coisa. Basta ouvir as iniciais PEC para que qualquer português coloque imediatamente as mãos nos bolsos com medo de que lhe tirem algo. Pedem-nos sacrifícios e querem reduzir a despesa pública. E tomamos conhecimento, logo de seguida, dos miseráveis prémios dos gestores das grandes empresas públicas. Temos de diminuir a dívida pública para conseguirem pagar todos esses prémios. Não vamos agora prejudicar a vida dos gestores públicos e das suas famílias. Eles têm que manter as grandes casas e as grandes quintas, os grandes carros, as inúmeras amantes... São coisas extremamente caras e essenciais à sobrevivência humana. Da forma como estamos a ser espremidos e da maneira como estamos a ser forçados a emagrecer, daqui a pouco já nem a tanga nos serve.
quarta-feira, 24 de março de 2010
segunda-feira, 22 de março de 2010
sexta-feira, 19 de março de 2010
quarta-feira, 10 de março de 2010
Proteo mutabilior...
A noção de Estado laico parece estar cada vez mais esquecida nas cabeças de alguns. Ou melhor, trata-se de um esquecimento útil. Há cada vez mais desemprego, a crise teima em continuar, o número de famílias com poucos recursos para subsistir aumenta, mas basta o Papa anunciar que vem a Portugal para alguns iluminados pedirem à Assembleia da República que decrete tolerância de ponto para que um maior número de pessoas possa escutar o Papa. Será que o Papa tem a solução para a crise? Se abrir os cofres do Vaticano até é capaz de ter. Mas não me parece que seja isso que ele cá vem fazer. As pessoas ligam cada vez menos à religião mas para ver o Papa já querem faltar ao trabalho. Há um certo interesse nesta definição de religião... Já não bastam todos aqueles feriados católicos que temos como ainda querem mais uma folga. E depois continuamos na cauda da Europa. Porque não somos como os gregos? Esses sim, tomam atitudes drásticas e invadem os Ministérios. Aqui é o contrário. O combate à crise e à corrupção faz-se através de intensas batalhas em partidas de cartas no café mais próximo. O frio que se faz sentir poderia levar-nos a uma maior actividade para aquecermos. Mas nem assim. Quando chegar o Verão ainda será pior. Vai tudo para a praia. Revolução sim... mas que a façam os outros. Vamos combater o défice com a total abstinência de trabalho. O Papa está a ser conivente com os nossos interesses. Será que quem professar outra religião também terá tolerância para faltar? Como se vai controlar quem é ou não católico? E quando os líderes de outras religiões visitarem o nosso país? Os seus seguidores também terão tolerância do Estado? Seria engraçado se tivessem. Iríamos ficar a saber que Portugal tem aproximadamente 10 milhões de hindus, mais 10 milhões de muçulmanos, de judeus, etc. Sempre que formos visitados por um líder religioso ninguém trabalha! Vamos fazer de Portugal o líder mundial da crença e da fé. Será que o Pinto da Costa conta como líder religioso? Assim sempre são mais uns dias sem trabalhar. De cada vez que o Jesus do Benfica der uma conferência de imprensa há cerca de 6 milhões de pessoas que estão dispensadas do trabalho. Temos preguiça de ir à igreja mas se nos subornarem com um dia de folga para andar atrás do Papa nós vendemo-nos imediatamente. Somos um povo de fácil adaptação a qualquer situação.
terça-feira, 9 de março de 2010
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