terça-feira, 25 de outubro de 2011

Grafenos e benzenos…

A evolução e o desenvolvimento são absolutamente inevitáveis no mundo actual e a todos os níveis. Da medicina à gastronomia, passando pela tecnologia e ciência, as novas descobertas vem permitindo ao ser humano dar um passo em frente na “dissimulação” das suas limitações naturais. Mas nem todas as evoluções são boas, bem como nem todos os progressos tecnológicos são úteis ao ser humano. Acaba de ser produzido o primeiro ecrã de telemóvel em grafeno, material que tem a particularidade de ser mais resistente que o aço mas extremamente maleável. Ou seja, e de acordo com os especialistas da área, este ecrã dá para enrolar e guardar no bolso. A parte de guardar no bolso até dá jeito. E foi preciso inventarem um telemóvel em grafeno para que fosse possível guarda-los num bolso. Avanços da tecnologia. Mas a principal questão e a que levanta mais controvérsia é o facto de o ecrã do telemóvel poder ser enrolado. Para não estar a ocupar muito espaço, toca a dar uma “enroladela” no telemóvel e “zumba” para o bolso. Se as coisas fossem tão simples como parecem, esta invenção era perfeitamente viável. Contudo, a possibilidade de termos telemóveis de enrolar no bolso é algo extremamente perigoso para a saúde pública. Temos de ter em atenção que os maiores consumidores e utilizadores de telemóveis são os jovens. Ora, é certo que este telemóvel acabaria por ser abundantemente vendido e tornar-se-ia bastante comum nos bolsos da nossa juventude. Porém, não nos podemos esquecer que também é essa a camada social que mais consome drogas leves, onde é prática comum o acto de enrolar. Assim, guardar a “ganza” e o telemóvel enrolado no mesmo bolso, lado a lado, é extremamente perigoso. Muitos jovens poder-se-ão enganar e acabam a fumar um telemóvel. E fumar grafeno não deve fazer nada bem à saúde desta malta. Pensam eles que estão a enrolar uma mortalha quando, na verdade, estão a enrolar um telemóvel. Aposto que alguns só se irão aperceber da troca se receberem uma chamada ou uma sms e a “mortalha” acender a luz ou desatar a vibrar e tocar. Até para os pais será uma grande confusão: deixarão de saber quando é que os filhos estão a fazer um charro ou a guardar o telemóvel.

telemovel

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Imunidades…

A crise é uma coisa que a nós portugueses, infeliz e inevitavelmente, nos assiste e com demasiada frequência. Parece uma daquelas nódoas chatas que nos mancha a camisa e que teima em se manter visível a toda a gente. E não há detergente que a leve. Contudo, a cada intervenção do Primeiro-ministro ou do Ministro das Finanças, as coisas parecem ficar cada vez mais negras. E é aqui que sentimos a primeira (e talvez a única) grande diferença entre Passos Coelho e Sócrates: Sócrates fazia-nos crer que a crise tinha sido ultrapassada enquanto nos assaltava a carteira; Passos Coelho leva-nos logo a carteira ainda antes de falar e depois arranca-nos do mundo dos sonhos em que somos deixados sempre que o Ministro das Finanças fala com aquele tom e pausas de quem está a ver um jogo da Selecção. A verdade é uma e inquestionável: a Troika exige-nos esforços e o Governo teima em fazer muito mais do aquilo que foi recomendado. Podiamos ser violentados com um soco de cada vez mas o Governo acha por bem que a cada soco corresponda também um pontapé e uma cabeçada. Só para que o sofrimento seja mais visível. Esta teimosia do Governo em fazer mais do que aquilo que foi recomendado pela Troika faz-me lembrar todas aquelas pessoas que ao mínimo indício de constipação resolvem logo tomar anti-bióticos. Ao primeiro espirro, bombardeiam o corpo com medicamentos, exagerando no tratamento. E, como é óbvio, quando o corpo precisa realmente desses medicamentos, eles já não produzem efeitos. E é precisamente isso que acontecerá com estas medidas: estão a bombardear-nos com cortes e impostos e quando precisarem de um mínimo de investimento na economia, as pessoas já nada terão para investir. Vamos tornar-nos imunes ao investimento, o que significa que cada português passará a ter apenas um telemóvel (o que é escandaloso). Assim não há povo que aguente. Todos os dias “visitam” os nossos bolsos sem serem convidados para tal. Nem sei como me vou governar sem subsídio de férias e de natal…

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