Em apenas uma década, o número de visitantes dos cemitérios de Lisboa cresceu seis vezes, atingindo-se a marca de nove mil turistas. Além de curiosa, esta notícia é um pouco parva e mórbida. Qual a piada de ir a outro país para visitar cemitérios? Precisamente a mesma piada de se ir ver um jogo do Sporting a Alvalade: fetiches com locais onde existem organismos em decomposição. Mais engraçado é sabermos que a maior parte dos turistas que procuram o nosso país para visitar cemitérios são provenientes da Alemanha, da Holanda e da Espanha. Tudo gente que gosta bastante de nós. O que só demonstra que, ao contrário daquilo que dizem, esses turistas não andam por cá por se interessarem pelas características arquitectónicas dos cemitérios portugueses. Essa malta anda por cá a passear porque se diverte a ver os locais onde os portugueses estão enterrados. Deve dar-lhes um gozo tremendo virem até cá só para tirarem fotos colocando os pés em cima de portugueses. Poderiam andar por cá a visitar aquilo que orgulhosamente construímos no passado, longínquo ou recente; mas, em vez disso, preferem visitar locais onde os portugueses se manterão calados e quietos para sempre. É assim que nos preferem ver. Os espanhóis nunca esconderam isso, mas estes alemães são mais dissimulados. Num dia, mandam dinheiro para nos tirar da crise; e no outro dia, vêm até cá visitar o sítio onde caímos mortos. É para isso que nos emprestam dinheiro? Os cemitérios são locais de respeito e que deveriam funcionar, em termos de entradas, como as discotecas: com base em guest list’s. Devia-se chegar ao portão e ter de se dizer à Dona Amélia o nome do ente conhecido que lá temos sepultado e dar o nome à entrada para ver se conferia com os referidos na lista a que o falecido tem direito a visita. Acabava-se de vez com estes abutres estrangeiros que colocam cá os pés só para se divertirem onde nós tombamos. Não conheço nenhum português que vá até esses países visitar cemitérios. Já que estão numa de brincadeira, porque não pedir a identificação à entrada e depois colocar uma lápide com os nomes completos deles e o dia da visita, em sepulturas vazias reservadas às fotos dos turistas? E vamos ver se eles não deixarão de colocar lá os pés. Uma forma de os receber bem.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Motins…
Londres está “on fire” literalmente. E invejosos como somos, lá tinha de vir um tuga a público dizer que aquele ambiente inflamado poderá estender-se ao nosso país. Só para não ficarmos atrás dos ingleses. Acho que tais declarações são tão erradas como pouco acertadas. Dificilmente se passará em Portugal o que se passa em Inglaterra e por vários motivos. O primeiro motivo, e talvez o mais óbvio, é o de que os ingleses são parvos. Os cérebros dessa cambada que anda por lá a incendiar tudo o que apareça pela frente são absolutamente limitados devido à quantidade de drogas que os seus pais consumiram e que resultaram nisto. Em Portugal, nunca tive conhecimento de que os bolinhos de bacalhau e o tinto carrascão prejudicassem a capacidade de raciocínio. Depois, diz o nosso especialista, que a maior parte dos jovens que participam nos motins estão em situação de desemprego e sem qualificações, o que torna o ambiente cada vez mais explosivo. Mais um critério que não se pode aplicar à realidade do nosso país. A maior parte dos jovens que estão no desemprego é absolutamente qualificada. São jovens que concluíram os seus percursos na universidade e que, quando receberam a triste notícia de que terminaram o curso, depararam-se com as portas fechadas do mercado de trabalho. Enquanto os qualificados andam nos centros de emprego, os desqualificados dirigem o nosso país. Por isso, não serão os pouco qualificados a organizar motins porque terão de trabalhar; nem serão os qualificados, pois esses estarão nas filas de espera para serem atendidos nos centros de emprego. Mesmo que os jovens portugueses se lembrassem algum dia de organizar um motim e incendiar tudo, iam deparar-se com a extrema dificuldade dessa empreitada. Neste país, já há muita pouca coisa para incendiar. Até nisso os mais velhos prejudicam os mais novos. Explodir apartamentos, destruir automóveis, maltratar jornalistas… São tudo atividades do jet set nacional. Um jovem teria manifesta incapacidade em poder rivalizar com o nível de destruição provocado pelas figuras públicas. Aqui neste cantinho estamos seguros. Só temos algo parecido com motins quando as mulheres vão aos saldos. Mas como estamos em crise, nem isso nos incomoda.