A esposa do ministro da Justiça Alberto Martins recebeu um pagamento pelas suas funções como Procuradora da República no valor de 72 mil euros. Mas depois de alguém ter dado com a língua nos dentes, o senhor ministro decidiu revogar o despacho que autorizava o referido pagamento. Estamos a falar de apenas 72 mil euros. Qualquer coisa como 149 salários mínimos nacionais. Uma quantia pequeníssima, portanto. A minha dúvida é esta: poderá Maria da Conceição Fernandes (a esposa do ministro) apresentar queixa na Procuradoria Geral da República por violência doméstica? Há coisas que doem muito mais que um estalo e que magoam bem mais que um insulto. Tirar 72 mil euros à esposa deve tê-la deixado com muito mais perturbações psicológicas do que as que teria com uma simples tareia. Tenho a certeza de que se perguntassem à dona Maria da Conceição Fernandes se preferia levar um estalo ou deixar de receber 72 mil euros, a resposta recairia certamente na primeira opção. O que é natural. Um estalo recebe-se a qualquer hora. 72 mil euros é só uma vez na vida. E com esse montante já poderia contratar um guarda-costas para colocar o marido na linha. E como diz o nosso querido bastonário da OA, isto é puro "terrorismo de estado". Ao estado de casado, neste caso. Preocupamo-nos demais com insultos entre marido e mulher, condenamos as agressões físicas entre ambos, mas deixamos passar completamente impune este desfalque de uns míseros trocos. E por aqui também se vai vendo que a carreira política de Alberto Martins está prestes a terminar. Quando já nem a esposa do ministro consegue utilizar essa "cunha" em benefício próprio, é sinal de que os dias do fim estão próximos. Aquilo que o ministro da Justiça fez foi um grave atentado aos bons costumes e às tradições seculares de governantes pouco sérios. Se queria ser sério, que optasse por outra carreira. Estragar a reputação que outros demoraram anos a conseguir é que não pode ser.
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