segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Una voce...

Imaginem a seguinte situação: vocês estão prontos para sair de casa, devidamente vestidos e perfumados depois de terem demorado apenas dez minutos a arranjarem-se; juntamente convosco está um grupo de pessoas igualmente impacientes para irem para o "gandaio". Está toda a gente na sala à espera de um ser infeliz que demora a aprontar-se e que atrasa consideravelmente a hora de saída. O tempo vai passando enquanto a criatura se vai produzindo e o sono vai apoderando-se de todos os corpos presentes na sala. Até que, após várias horas de espera, surge a criatura na sala com o maior dos sorrisos por estar finalmente pronta para sair de casa. E qual é a primeira palavra da "criatura"? Será que pede desculpa pelo atraso? Será que se desfaz em mil perdões por nos ter feito esperar? Não. Este ser atrasado apenas abre a boca e solta um ligeiro "Vamos lá?". Bom, aquilo que tenho reparado é que toda a gente tem esta reacção. Até eu próprio já o fiz várias vezes. O que me leva a acreditar que o ser humano não é apenas palerma como também é parvo. Não adianta sabermos perfeitamente que estamos atrasados que o nosso subconsciente irá sempre convencer-nos a dizer o "Vamos lá?". Engraçado era alguém sair-se com esta frase e quem está à espera dizer: "Não, já não vamos sair. Depois de tanto tempo à espera decidimos ir ver televisão. As televendas estão melhor que nunca. Animadíssimas..." O pior de tudo é que estas frases parvas nos saiem com uma naturalidade assustadora.
Isto faz-me desejar que o D.Sebastião nunca apareça. Depois de tanto tempo à espera que ele nos venha salvar da crise, eu até já tenho medo que a primeira coisa que ele diga quando chegar seja:"Vamos lá?". Continuo a preferir o "We can". Mas da maneira como gostamos de trabalhar e caso D.Sebastião falasse inglês, ele não diria "We can" mas sim "Week-end".

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